Em dia de forte instabilidade no mercado financeiro, o dólar bateu R$ 3,77 e a Bolsa chegou a cair quase 2% nesta sexta-feira (18), acompanhando o cenário externo.
Às 13h22, o dólar comercial subia 1%, para R$ 3,737. É o sexto dia de alta da moeda americana. O dólar à vista, no mesmo horário, tinha alta de 0,99%, também a R$ 3,737. No mundo, o dólar ganhava força ante 25 das 31 principais divisas globais às 13h23.
A Bolsa brasileira recuava 2,03%, para 81.927 pontos, no horário.
As turbulências observadas no dólar e na Bolsa também afetaram os títulos públicos. O Tesouro informou que, devido à forte volatilidade nas taxas de juros dos títulos públicos nesta manhã, o Tesouro Direto foi suspenso às 9h50. A expectativa é de normalização por volta de 15h30 -antes, a projeção era de que as negociações fossem retomadas meio-dia.
Por trás das turbulências está a recuperação da economia americana, que gera expectativa de um aumento da inflação que possa levar o banco central dos Estados Unidos a acelerar o processo de alta de juros no país.
“O mercado todo imaginava movimento de correção mais lento e gradual”, diz Paulo Saba, diretor de Tesouraria do Banco Daycoval. Para ele, parte da culpa das instabilidades é do próprio mercado. “Na hora que alguém grande começa a deslocar recursos olhando para taxas americanas e deslocando de emergentes para o dólar, tem um efeito manada.”
Os rendimentos dos títulos americanos com vencimento em dez anos, que encostaram em 3,12% nesta quinta-feira, recuaram para 3,077% nesta sexta. Uma semana atrás, estavam em 2,97%.
Nos Estados Unidos, os indicadores americanos operam sem uma direção definida. Às 13h24, o índice Dow Jones subia 0,07%, o S&P 500 recuava 0,16% e o índice da Bolsa Nasdaq perdia 0,16%.
Para Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais, a percepção de risco maior para emergentes se mantém. “Além disso, [pesam] declarações sempre polêmicas de Donald Trump sobre dificuldades nas negociações comerciais com a União Europeia e também certo desdém com o próximo encontro com a Coreia do Norte”, afirmou, em relatório.
Adeodato Netto, estrategista-chefe da Eleven Financial, vê R$ 3,70 como o limite de valorização para a moeda americana. “Acima disso, é uma valorização circunstancial. Estruturalmente, R$ 3,70 deveria ser o teto. Mas enquanto não acalmarmos os ânimos, vai continuar essa volatilidade”, afirma.
O CDS (credit default swap, espécie de seguro contra calote) também espelha o aumento da percepção de risco-país. O indicador avança 3,71%, a 201,4 pontos, no maior nível desde setembro do ano passado.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados sobem. O DI com vencimento em julho de 2018 avança de 6,407% para 6,425%. O DI para janeiro de 2019 subia de 6,600% para 6,665%. (Folhapress)