Nem a ida do presidente Jair Bolsonaro (PL) para os Estados Unidos, deixando o cargo para o vice, Hamilton Mourão (Republicanos) e todos os preparativos para a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são suficientes para tirar a “esperança” e “fé” que o derrotado nas eleições de outubro irá “agir” promovendo um golpe e continuando na presidência da República.
Desde que Bolsonaro decidiu se pronunciar em uma transmissão ao vivo antes da ida aos Estados Unidos, grupos no WhatsApp e Telegram de bolsonaristas começaram a se movimentar. Apesar do sentimento entre muitos ter sido de “água fria”, a maioria ainda atestava fé e já compartilham mensagens decifrando possíveis ‘recados’ que o presidente deixou na transmissão.
Os administradores dos grupos também não deixavam o sentimento de frustração se alastrar e aqueles usuários que ousavam mandar mensagens criticando Bolsonaro eram expulsos. No grupo “Patriotas Brasil”, em que há muitos bolsonaristas com base em Goiânia, um usuário chamou Bolsonaro de “covarde”. Minutos depois foi excluído. “Desde que Bolsonaro se manifestou, inúmeros esquerdistas se infiltraram aqui”, justificou a administradora.
Para tentar dar sobrevida ao movimento, bolsonaristas ressuscitam vídeos e notícias antigas, como por exemplo, um pronunciamento feito à época da campanha do senador eleito, vice-presidente Hamilton Mourão que dizia estar junto com Bolsonaro. O vídeo antigo foi adulterado e apresentado como gravado neste dia 31 de dezembro.
Horas antes, a notícia de uma reunião das Forças Armadas foi compartilhada provocando regozijo entre os participantes: na interpretação de bolsonaristas, tratava-se de uma articulação para impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro entre a cúpula aconteceu na segunda quinzena de novembro. Não estava em pauta a posse do petista.
O tradicional pronunciamento de ano novo também rendeu boas conspirações entre os grupos. “Alguém sabe que horas será o pronunciamento do mourão, ele deve fala da intervenção?”, questionou um participante. “Tenho informações fidedigna que a faxina durará uns três meses”, destacou.
À espera de uma reviravolta, bolsonaristas disparam correntes defendendo a ida de Bolsonaro aos Estados Unidos e por isso, insistem em ficar frente a quartéis. Para eles, as Forças Armadas vão agir sem a interferência do derrotado nas eleições de outubro. Na sequência, irão convocar eleições auditáveis por meio do tão sonhado voto impresso. Apesar de Bolsonaro estar bem distante do Brasil, a realidade paralela criada por seus apoiadores se mostra bastante sólida.