O aumento das incertezas no cenário político faz o dólar disparar mais de 2% e a Bolsa cair mais de 2% nesta quinta-feira (1).
Segundo operadores, investidores começam a ver uma maior possibilidade de o presidente Michel Temer não concluir o mandato, o que poderia comprometer o andamento do ajuste fiscal.
“Essas incertezas aumentaram nos últimos dias, com gravação de conversa do presidente Michel Temer com o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero e possíveis revelações da delação premiada da Odebrecht, que poderiam atingir o presidente”, afirma Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor.
“Agora, as dúvidas do mercado cresceram com a ameaça de procuradores de renunciar à investigação da Lava Jato e com a nova fase da Operação Zelotes”, acrescenta Alessie.
A moeda americana à vista subia há pouco 2,10%, a R$ 3,4642; o dólar comercial ganhava 2,30%, a R$ 3,4650.
O real tem a maior desvalorização mundial entre as principais moedas nesta quinta-feira.
O Ibovespa perdia 2,39%, aos 60.425,22 pontos. O índice é pressionado principalmente pelos papéis de bancos, que recuavam após a deflagração da 8ª fase da Operação Zelotes da Polícia Federal, que revistou as instalações do Itaú Unibanco. A Zelotes investiga suspeitas de manipulação de julgamentos no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).
As ações preferenciais do Itaú Unibanco perdiam 3,05%; Bradesco PN, -3,79%; Bradesco ON, -5,31%; Banco do Brasil ON, -4,07%; e Santander unit, -4,82%. Ainda no setor financeiro, BM&FBovespa recuavam 5,65%.
Batizada de caso Boston, a etapa tem 34 mandados sendo cumpridos, com 13 de condução coercitiva e 21 de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro.
O Itaú Unibanco confirmou que suas instalações foram revistadas pela PF, que buscava documentos relativos a processos tributários do BankBoston.
Em nota, o Itaú diz que o acordo de compra das operações do BankBoston no Brasil não “abrangeu a transferência, para o Itaú, dos processos tributários do BankBoston”.
As ações preferenciais da Petrobras subiam 0,56% e as ordinárias avançavam 1,67%, beneficiadas pelo alta do petróleo no mercado internacional. Os papéis da Vale ganhavam 2,89% (PNA) e 4,73% (ON), após o avanço de quase 9% do preço do minério de ferro na China.
O mercado de juros futuros opera em alta, um dia após o Banco Central ter reduzido a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, para 13,75% ao ano. Os contratos refletem a forte alta do dólar e o aumento da aversão ao risco local.
O contrato de DI para janeiro de 2017 sobe de 13,599% para 13,632%; o contrato de DI para janeiro de 2018 avança de 12,060% para 12,180%; e o contrato de DI para janeiro de 2021 acelera de 11,760% para 12,030%.
O CDS (credit defautl swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, avançava 3,62%, aos 308,082 pontos.
Folhapress