Um incêndio destruiu ao menos 31 hectares de vegetação de cerrado do Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, na região de Alto do Paraíso Goiás (GO), segundo estimativa da DMIF (Divisão de Monitoramento de Incêndios Florestais).
O fogo começou na última quarta-feira (18) na rodovia GO-118 e se alastrou rapidamente em áreas dentro e fora do parque, que possui uma área de mais de 240 mil hectares. O local está fechado para visitação.
Cerca de 150 homens do Corpo de Bombeiros e brigadistas do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) trabalham dia e noite no combate ao fogo que ainda não foi controlado.
As equipes têm apoio de um helicóptero e de aviões-tanque que despejam água sobre a vegetação. Voluntários também ajudam com donativos e alimentação complementar para o grupo que combate o incêndio.
Segundo o Instituto ICMBio, a falta de chuva, os ventos fortes e a alta temperatura têm contribuído para a expansão do fogo.
Na semana passada, um incêndio destruiu mais de 18 mil hectares do Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, na região sul de Mato Grosso do Sul.
O fogo teria sido provocado pela queda de um raio e havia ao menos três anos que não era registrado um incêndio, segundo o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul),
Em setembro, um incêndio destruiu 1.200 hectares de mata atlântica na serra da Bocaina, no limite entre São Paulo e Rio de Janeiro. Antes disso, a Chapada dos Guimarães (MT) perdeu 4.300 hectares entre agosto e setembro.
QUEIMADAS
O número de queimadas vem batendo recordes este ano. Só nos primeiros 27 dias de setembro, o sistema de monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) já identificou 105 mil focos de incêndio, recorde desde que o instituto começou a monitorá-los, em 1998. Em setembro de 2016, foram 44 mil focos. A média para o mês é 55 mil.
O acumulado de janeiro a setembro também é o maior da série histórica, com 195 mil focos, 51% a mais que 2016. Especialistas ouvidos pela Folha são unânimes quanto à origem do fogo: “Nessa época do ano, praticamente 100% dos incêndios são causados por ação humana”, diz Gabriel Zacharias, coordenador do Prevfogo, órgão do Ibama de prevenção e combate às queimadas.
“A intensidade, a expansão, o impacto na vegetação, a dificuldade de combate, tudo isso tem relação com o clima seco e ajuda a propagar o incêndio florestal. Mas isso não começa o fogo, o que começa é a ação humana”, diz. Alberto Setzer, coordenador do monitoramento de queimadas do Inpe, elenca uma série de causas, como facilitar a derrubada de florestas, dar fim à matéria orgânica, impedir que a vegetação renasça e criar pastos.
Cita também conflitos territoriais, descontrole no manejo de plantações e queima de lixo. Não raro, queimadas também são provocadas por fogueiras de caçadores e pessoas que acampam, além de acidentes com automóveis.
E por que este ano é o pior? Pesquisadora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA, Cláudia Ramos, diz que “há uma tendências histórica de que toda vez em que há uma baixa na economia, que o governo fica sem recursos, as ações de comando e controle ficam desfalcadas”. Com uma fiscalização menor, as pessoas ficam menos inibidas a iniciar as queimadas, diz.
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