O Brasil deixou de avançar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em 2015, mantendo o mesmo indicador e posição no ranking global se comparado ao ano anterior.
Entre 188 países avaliados, o relatório das Nações Unidas divulgado nesta terça-feira (21) coloca o Brasil na posição 79ª, a mesma de 2014, e ao lado da ilha caribenha de Granada.
Essa é a primeira interrupção no crescimento do IDH brasileiro ao menos desde 2010, quando os dados passaram a ser disponibilizados a cada ano.
Nos anos anteriores, quando o intervalo de divulgação do IDH era maior, porém, os dados também mostravam um aumento nesse índice, elaborado com base em dados de saúde, escolaridade e renda da população.
Em linhas gerais, quanto mais próximo de 1 estiver o IDH, melhor o desenvolvimento -em 2015, o IDH brasileiro foi de 0,754, o mesmo do último ano analisado.
O número leva em consideração uma expectativa de vida no país de 74,7 anos, 15,2 anos esperados de escolaridade, média de estudo de 7,8 anos (para população acima de 25 anos) e renda nacional bruta per capita de US$ 14.145, indicador que apresenta queda em relação a 2014 -antes, era de US$ 14.858.
Em comparação aos demais países, o Brasil se coloca em um grupo de 16 países que mantiveram o mesmo IDH. Outros 159 aumentaram e 13 diminuíram.
“Ele não melhorou no índice, e nem melhorou nem piorou no ranking. Isso nos chama a atenção. É uma luz amarela, um alerta para olhar e ver o que precisa ser feito”, afirma a coordenadora do Atlas do Desenvolvimento do Pnud, Andrea Bolzon.
Embora neste ano a metodologia tenha se mantido a mesma da análise anterior, a atualização das bases de dados dos países fez com que as Nações Unidas tivesse que recalcular as posições no ranking -com isso, o Brasil, que inicialmente ocupava a 75ª posição na divulgação do relatório em 2014, passou a ocupar a 79ª após revisão dos dados.
Em comparação aos demais países da América do Sul, o Brasil ocupa a 5ª posição, ficando atrás do Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela.
Já em relação aos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil fica na 2ª posição, atrás apenas da Rússia.
DESIGUALDADE
A desigualdade na distribuição de renda, saúde e educação entre os brasileiros continua a ter impacto negativo no desempenho do país no ranking.
Se considerado esse fator, o Brasil perderia 19 posições -é o 3º com maior queda no índice, junto com Coreia do Sul e Panamá, e atrás somente do Irã e Botsuana, de acordo com o relatório.
Assim, se no IDH a nota do Brasil é de 0,754, o indicador cai para 0,561 devido à desigualdade, sobretudo de renda.
GÊNERO
Outro destaque no relatório é o índice de desigualdade de gênero, que avalia as diferenças na saúde reprodutiva, empoderamento e atividade econômica.
Nesse caso, o indicador passa a ter o valor de 0,414, ocupando a 92ª posição entre 159 países.
A alta taxa de gravidez na adolescência e o baixo número de mulheres no Parlamento são alguns dos fatores que contribuem para esse baixo desempenho.
Enquanto na República Centro-Africana, país com menor IDH do mundo, o percentual de mulheres no Parlamento é de 12,5%, o Brasil tem apenas 10,8%.
O relatório mostra ainda outros indicadores que mostram essa desigualdade. A renda per capita dos homens, por exemplo, é 66,2% maior que a renda das mulheres -nos demais países analisados, essa média é de 24%.
“Apesar das mulheres estudarem mais, elas ainda ganham menos do que os homens”, afirma Bolzon, em referência a dados que mostram maior média de anos de estudo e escolaridade entre as mulheres em comparação aos homens.
O Brasil, no entanto, é citado no relatório por algumas iniciativas, caso da Lei Maria da Penha, citada como exemplo no combate à violência contra as mulheres, o Cadastro Único, que mantém dados sobre pessoas em situação de pobreza, e as ações para controle do zika.