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Categorias: Brasil
| Em 5 anos atrás

“Ideologia de gênero é um rato ideológico. Tem que tacar fogo”, diz chanceler brasileiro

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Na live realizada nesta quinta-feira (11/07), pelo presidente Jair Bolsonaro no Facebook, quem também estava presente na mesa era o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo que falou sobre a candidatura do Brasil à reeleição no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. As eleições ocorrem em outubro, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O chanceler disse que pretende “defender os valores da família”, disse que devem ser defendido os “verdadeiros direitos humanos” e que o país irá combater a chamada ideologia de gênero. “Ideologia de gênero é um rato ideológico, tem que tacar fogo”, disse citando o caso do menino Rhuan, esquartejado e assassinado porque as mães são lésbicas e elas acreditam na “ideologia de gênero”.

A fala começou quando o presidente perguntou a Araújo quais eram as bandeiras que o Brasil iria levantar na sua candidatura e também com quem estavam concorrendo. “Defender em primeiro lugar os valores da família, dentro desse conceito de Direitos Humanos. Temos total convicção que direitos humanos tem de ser defendidos, os verdadeiros direitos humanos. Direitos a liberdade, liberdade de expressão e também os valores da família. Igualdade entre homens e mulheres, os direitos da mulher”, respondeu o chanceler. Ernesto não respondeu quais seriam os países embora existam duas vagas para países sul-americanos e do Caribe, mas até o momento apenas Brasil e Venezuela devem se candidatar.

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Na sequência, o chanceler voltou seus olhos ao combate da “ideologia de gênero”, o que definiu como “um rato ideológico” e que era uma “coisa que tem que tacar fogo”. Ele explicou: “O que nós também estamos sendo contra é o conceito de ideologia de gênero, que é, uma deturpação ai do conceito de gênero. Pelo qual eu começo a dizer que “não existe homem ou mulher, isso é uma opção social”, quando foi interrompido por Bolsonaro: “Construção social”. Araújo tenta continuar o raciocínio quando Bolsonaro emenda: “Você com essa barba aí já pensou? Mulher com essa barba aí, pô!”.

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Ernesto enfim, tenta continuar seu raciocínio: “Como se não existesse uma natureza humana, é uma negação da natureza humana, uma negação da própria identidade das pessoas”, explica e ai dispara: “Ideologia de gênero é um ninho de rato ideológico e que no fim das contas causa “danos a saúde”. É uma coisa que tem que tacar fogo, porque, isso causa danos a saúde, a família humana. O ser humano. Um exemplo, muito infeliz ai, é o caso do menino Ruan, né? Quando você tem uma mãe que acha que pode mudar o sexo do filho, né? Porque que causou a tragédia que a gente sabe que causou? Porque que isso existe? Porque existe uma ideologia de gênero em que as pessoas começam a achar que não existe homem e mulher”.

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Bolsonaro novamente o corta: “Um casal de lésbicas corta o piupiu do filho de uma delas, porque ela achava que ele nasceu pra ser mulher! Sem comentários!” O menino Ruan foi morto aos 9 anos, assassinado esquartejado pelas mães. Antes disso, com 8, elas haviam emasculado o garoto. Segundo as investigações da Polícia, não há indícios que elas queriam que Ruan se tornasse menina. No depoimento dado à polícia, a mãe disse que matou o Rhuan porque este seria um empecilho para o seu atual relacionamento, já que ele remetia ao seu antigo vínculo com o pai da criança.

O Instituto de Segurança Pública, do Rio de Janeiro, expôs que em 4 anos, entre 2015 e 2018, 962 casos de lesão corporal dolosa contra crianças até os 12 anos de idade tiveram como autor o pai ou mãe da vitima. Na maior parte das vezes, o pai: 524 registros. A mãe, 438. Uma criança espancada a cada 36 horas, em média, pelos pais. Se for levar em conta apenas as agressões registradas entre meninos até 5 anos, 237 pais e mães são acusados de agressão. Levando em conta casos de estupro, os dados do Instituto apontam que 823 pais e mães foram acusados de estuprar filhos e filhas. A maioria, casais heterossexuais. 

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.