Rio – O mercado de trabalho brasileiro registrou redução no número de vagas em 2014 pela primeira vez na série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego, iniciada em março de 2002, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Houve retração da população ocupada pela primeira vez na série. A média do contingente de ocupados de 2014 recuou 0,1% ante a média de 2013”, apontou Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A série com médias anuais começou apenas em 2003. Desde então, a pesquisa vinha registrando ano a ano saldo positivo na geração de vagas. “Pelo aspecto da absorção de mão de obra, de fato em 2014 essa população não teve o desempenho verificado em outros anos”, concordou Adriana.
No entanto, a pesquisadora do IBGE nega que haja uma deterioração no mercado de trabalho.
“O rendimento aumentou. A carteira de trabalho também continua aumentando. Se você olhar pelo fundamento da renda do trabalho mais esse item principal da ocupação que é a carteira, esses dois fundamentos foram preservados em 2014”, ressaltou Adriana.
A renda média do trabalhador cresceu 2,7% em 2014 ante 2013. O contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado também aumentou, mas a alta de 0,9% no período foi a menor da série histórica, iniciada em 2003.
Informalidade
De acordo com o IBGE, os trabalhadores domésticos registraram avanços na qualidade do emprego nos últimos anos, mas a informalidade ainda predomina na atividade. A fatia de empregados domésticos com carteira assinada aumentou de 41,3% em 2013 para 42,2% em 2014. Em 2012, esse total era de 39,3%.
Apesar da melhora, que vem sendo verificada ano a ano desde 2009, o montante de empregados que ainda trabalham sem carteira é de 57,8%, ressaltou Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A renda média desses trabalhadores encolheu 1,0% na passagem de novembro para dezembro de 2014, mas ainda assim foi 2,8% maior do que o registrado em dezembro de 2013.
“O rendimento do trabalhador doméstico vem crescendo há muitos anos. O que a gente observa é que esse crescimento da renda nessa atividade provavelmente tem sido muito impulsionado pelo avanço do salário mínimo, porque boa parte dos trabalhadores nessa atividade tem ganhos atrelados ao salário mínimo”, explicou Adriana.
Outro fator que ajuda a aumentar a renda dos trabalhadores domésticos é a escassez de mão de obra disponível. “As pessoas mais jovens, principalmente, estão migrando do serviço doméstico para os setores de comércio e outros serviços. Então a saída de ocupados do serviço doméstico contribui para o aumento do rendimento dos que ficam nessa atividade”, lembrou a técnica do IBGE.
(Fonte: Estadão Conteúdo)