O presidenciável Fernando Haddad (PT) pediu nesta quinta-feira (11) ao secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Leonardo Steiner, que orientasse os fiéis em relação às notícias falsas da internet, as chamadas fake news.
“Pedi ao dom Leonardo que recomendasse um cuidado maior com as notícias de internet. As pessoas estão sendo bombardeadas com informações falsas. Antes de propagar essas informações falsas, gostaria que a Igreja recomendasse às pessoas, no momento deste segundo turno, que pudéssemos , não inibir o fluxo de informação, mas checar antes se aquilo é verdade ou não. Se aquilo for verdade, as pessoas têm que saber.
Mas, se não for, as pessoas têm que ter um compromisso de barrar a propagação da mentira”, afirmou Haddad.
Ao falar de fake news, o petista criticou diretamente a atuação de seu adversário no segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL). Haddad mencionou a repetida acusação do capitão reformado de que ele, quando ministro da Educação, distribuiu o “kit gay” para crianças de 6 anos.
“Em primeiro lugar, isso nunca aconteceu. Em segundo lugar, é um desrespeito às professoras do Brasil. Imagina se uma professora vai receber um material impróprio para criança de 6 anos sobre sexualidade e ela vai usar este material sem questionar. Isso é completamente impossível de acontecer. Mesmo que alguém tenha em mente isso, temos uma rede de proteção que são as próprias escolas, as diretoras, as professoras”, afirmou.
“Temos que ganhar a eleição por meio do melhor projeto, do melhor argumento, de como tirar o país da crise, e não atacando a honra das pessoas com informações falsas. Usar mentira para ganhar voto não me parece recomendável no estado democrático de direito.”
Apesar de ter aparecido 16 pontos atrás de Bolsonaro na primeira pesquisa Datafolha deste segundo turno, Haddad procurou se mostrar otimista.
Segundo o levantamento divulgado nesta quarta-feira (10), o candidato do PSL obteve 58% dos votos válidos, enquanto o ex-prefeito paulistano chegou a 42%.
“Faltam 8 pontos para chegar nos 50%. Quem saiu de 4% para 42% tem chance de chegar a 50%”, disse Haddad.
O petista também criticou seu adversário que, alegando restrição médica, não participará de alguns debates na TV. O primeiro seria nesta quinta-feira na Band e Haddad afirmou que “o Brasil merece um debate”.
“Sou leigo, mas me parece contraditório uma pessoa não poder debater e poder dar entrevista. Entrevista é um debate com jornalista. Qual a diferença? Às vezes um jornalista é mais duro que um adversário”, provocou Haddad, complementando que, por ser um educador, tratará seu oponente com deferência.
Ao comentar as manifestações de outros partidos neste segundo turno, mencionou o PSB, que declarou apoio, mas deixou seus candidatos em São Paulo e no Distrito Federal livres, e do PDT, que manifestou “apoio crítico”.
Haddad minimizou a decisão de Ciro Gomes (PDT), seu opositor no primeiro turno, de viajar para a Europa logo após o anúncio. A viagem preocupou a campanha petista ainda tinha esperança de convencer o ex-adversário a integrar sua equipe, em uma tentativa de formar uma frente em defesa dos valores democráticos, contrapondo-se a Bolsonaro.
“O Ciro está se recuperando de uma cirurgia. Para nós, basta uma palavra dele que o voto no segundo turno é um voto no Fernando Haddad”, afirmou o candidato, que ainda nesta quinta-feira dará uma entrevista para um pool de 90 rádios da Bahia e, depois, segue de volta para São Paulo.