Em sua primeira entrevista coletiva após ser condenado pela Lava Jato, o ex-presidente Lula disse, nesta quinta-feira (13), que a decisão judicial despertou sua disposição para se lançar candidato às eleições presidenciais de 2018.
“Se alguém pensa que com essa sentença me tiraram do jogo, pode saber que eu tô no jogo”, afirmou Lula.
“E agora quero dizer ao meu partido que até agora não tinha reivindicado, mas vou reivindicar, de me colocar como postulante à Presidência da República em 2018.”
Do lado de fora do Diretório Nacional do PT, no centro de São Paulo, essa fala foi recebida com aplausos por cerca de 300 militantes e apoiadores do ex-presidente, que promoveram um “abraço simbólico” a Lula na rua. No carro de som, anunciava-se a mobilização como lançamento da pré-candidatura do petista.
“Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Quem tem o direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro”, prosseguiu o petista.
Na rua, a mobilização, com carro de som e apoiadores erguendo bandeiras e vestindo camisetas do partido, ganhou ares de comício.
“Nós vamos lançar Lula imediatamente candidato à presidência”, discursou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), em frente ao prédio do diretório, ao lado de Gleisi Hoffman, presidente da legenda, e Luiz Marinho, presidente estadual.
Gleisi disse que quem quiser impedir candidatura do ex-presidente “vai responder pela instabilidade política no país”: “Não vamos admitir uma eleição sem Lula”. Marinho anunciou que o petista irá percorrer o país -começando, provavelmente, no próximo 20 de julho, quando está programada uma manifestação na avenida Paulista.
Na quarta, (12) o juiz Sergio Moro, responsável pelo processo em primeira instância, sentenciou o presidente por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).
Lula criticou a decisão do juiz e afirmou que irá recorrer “em todas as instâncias”.
“Acho que é preciso processar essa sentença no CNJ. É preciso fazer processo contra quem mente, contra quem não disser a verdade nesse país”, afirmou.
Lula disse que não havia provas suficientes na decisão -uma tentativa de tirá-lo do jogo político.
“Ficaria mais feliz se eu fosse condenado com base em uma prova. O que me deixa indignado, mas sem perder a ternura, é perceber que fui vítima de um grupo de pessoas que contou uma primeira mentira e passa a vida para justificar aquela primeira mentira”, afirmou.
“Não sei como alguém consegue escrever quase 300 páginas para não dizer absolutamente nada.”
Na mesa, Lula estava acompanhado de Gleisi Hoffman, presidente nacional do PT, e de deputados da sigla. Também rodearam o ex-presidente lideranças de movimentos sociais, como Guilherme Boulos, do MTST, e Vagner Freitas, presidente nacional da CUT.
Em diversos momentos, o ex-presidente criticou aos métodos da Lava Jato e da cobertura da imprensa do caso -citou a revista “Veja” e a “TV Globo”.
Lula disse que, quando crítica a Polícia Federal e o Ministério Público, não se refere à instituição, mas à força-tarefa da Lava Jato.
“Moro deve prestar contas para a história, como eu. A história é quem vai dizer quem está certo e quem está errado. Não é possível ter Estado de direito se a gente não acreditar na Justiça. E por isso a Justiça não pode mentir, não pode tomar decisões políticas. Tem que tomar decisões baseadas nos autos.”
Na sentença que condenou Lula, Moro diz que ele recebeu vantagem indevidas da construtora OAS na forma de um tríplex reformado em Guarujá (SP).
O petista não será preso -pelo entendimento do Supremo, só começará a cumprir a pena se a segunda instância ratificar a decisão.
O PT deve manter a candidatura de Lula à presidência em 2018, afirmou, na quarta (12), o ex-ministro Tarso Genro:”Ele é a única liderança, com apelo popular e capacidade política, para encaminhar uma saída não violenta para a crise”.
Também em entrevista a jornalistas, na quarta (12), a defesa de Lula disse que Moro “desprezou as provas da inocência” e “usou o processo para fins de perseguição política” ao condenar o ex-presidente. (Folhapress)