O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, fez críticas a propostas para a economia apresentadas pela equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Para ele, uma redução de impostos é inviável e a criação de meta para o câmbio, um risco.
Um dos eixos do programa de governo de Bolsonaro é a redução da carga tributária no país, associada a uma simplificação do sistema. Para Guardia, entretanto, apenas a simplificação é possível.
“Existe um espaço extraordinário para simplificar a estrutura tributaria, melhorar a qualidade da carga tributária e reduzir os custos”, disse em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
“Não vejo a menor possibilidade de reduzir a carga tributária, temos um desafio fiscal muito grande”, disse.
Outro ponto defendido por Bolsonaro é a criação de um sistema de metas para o câmbio. Em entrevista antes de ser eleito, ele afirmou que o controle da inflação pelo Banco Central não pode ser apenas pelo manejo da taxa de juros e defendeu uma meta para o dólar.
Questionado sobre a proposta, Guardia explicou que o tripé macroeconômico se baseia na meta de inflação, no câmbio flexível e no compromisso com a disciplina fiscal.
“Qualquer mudança nesse arcabouço de politica macroeconômica é um risco”, afirmou. “A manutenção desse tripé eu acho um ponto central.”
O ministro ainda fez ressalvas em relação à reforma tributária proposta pelo presidente eleito, com unificação de impostos e mudança no sistema de repasses da União aos entes federativos.
Ele disse ser “um pouco cético com a possibilidade de se fazer uma reforma tributária ampla que envolva estados e municípios” e afirmou que o atual governo trabalha com propostas de mudanças pontuais no PIS/Cofins e Imposto de Renda de Pessoa Jurídica.
Sobre a reforma da Previdência, o ministro defendeu que seja aprovada a proposta apresentada pelo governo Michel Temer, que tramita na Câmara –algo que foi descartado por auxiliares de Bolsonaro.
Para ele, o modelo de capitalização, um dos pontos avaliados pelo governo eleito, deveria ficar para um segundo momento.
“Não adianta querer ir além do que é viável politicamente. Aprovar a reforma que está no Congresso já é um passo extraordinário. Depois, a gente pode discutir o sistema de capitalização”, afirmou.
Uma proposta de Bolsonaro que tem a concordância de Guardia é a independência do Banco Central. Para ele, a medida deveria ser votada pelo Congresso já neste ano. “É um tema muito relevante. Vai depender da prioridade do próximo presidente”, disse. (Folhapress)
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