A vereadora Aava Santiago (PSDB) acusou nesta terça-feira (06/04), vereadores da base do prefeito em terem cometido violência política de gênero contra ela. Ela presidia uma reunião regimental que a Comissão de Educação tinha com o secretario de Educação, Wellington Bessa quando foi interrompida por pares que a acusavam de conluio em negociar “em sala fechada” um assunto tão melindroso. A greve dos professores completa nesta quarta-feira (06/04), 23 dias.
A sessão em Plenário acontecia normalmente sob os olhares dos profissionais da educação que pressionam os vereadores para intervirem nas negociações com o prefeito Rogério Cruz (Republicanos). Eles exigem o pagamento linear do reajuste do piso para a educação de 33,24% e também da reposição das data-bases que desde 2020 estão atrasadas. Os parlamentares, no entanto, não estavam satisfeitos com a reunião que acontecia na Comissão de Educação, presidida pela tucana Aava Santiago e tem como vice-presidente, o vereador Mauro Rubem (PT) que se encontrava naquele momento, por meio de video-conferência, com o titular do prefeito, Wellington Bessa.
“Essa decisão será tomada por todos os pares, não acho justo que apenas quatro vereadores estejam nessa reunião para tratar sobre o assunto”, pontuou o vereador pelo Avante, Thialu Guiotti que citava o presidente da Câmara, Romário Policarpo e o secretário Michel Magul e “outros quatro vereadores”. Na sequência, o vice-presidente da mesa-diretora, Clécio Alves (Republicanos), suspendeu a sessão por dez minutos para que os parlamentares pudessem se dirigir à sala onde Aava presidia a reunião da Comissão de Educação. Policarpo e Michel Magul, não estavam por lá. A reunião entre os dois acontecia em outro local.
Quando os parlamentares chegaram na reunião da Comissão de Educação, o bate-boca se instaurou entre parlamentares e a tucana. Aava tentava explicar que a tratava-se de uma reunião estabelecida dentro do regimento e que só estava sendo realizada no mesmo horário da sessão por problemas técnicos provocados pelo sistema de videoconferência do local. Bessa havia dito nas vésperas da reunião, que não poderia comparecer presencialmente. Léo José, do PTB, aos berros, não deixava a tucana falar. “Eu só vim falar verdades!”, disparou o parlamentar. “Você vai votar sozinha?, Vai votar sozinha?”, deixou a sala insinuando que Santiago estava conduzindo as negociações às escuras. Sem que dessem espaço para as explicações da tucana, deram as costas e retomaram ao Plenário.
De volta ao Plenário, os vereadores que acusaram Aava de conluio, continuavam a disparar insinuações em meio a sessão. “Queria deixar o meu pesar pela vereadora Aava, o vereador Mauro Rubem e toda aquela turma que está lá em cima, fazer reuniões a portas fechadas, não chamar ninguém, depois desce com as decisões tomadas. Na hora de ligar para o secretario de Educação que está imbuído em resolver os problemas não só dos professores mas de toda a rede municipal e fazer palanque com o nome desses trabalhadores que estão presentes, a vereadora Aava e o vereador Mauro são muito bons”, pontuou antes de dizer que aquela reunião estava acontecendo “a portas fechadas para aparecer para a imprensa”.
‘Gesto de covardia’
Com a reunião da Comissão encerrada, os parlamentares retornaram ao plenário e a vereadora Gabriela Rodart (DC) foi ao microfone esclarecer o que havia acontecido. Tampouco Policarpo, Michel Magul e outros vereadores discutiam o assunto. “A Comissão de Educação está tratando da pauta de educação do dia. Uma reunião que está sendo tratada há duas semanas. Acredito que houve um equívoco, porque aonde os vereadores foram não era lugar algum onde o presidente da Casa, Romário Policarpo estava. Só esclarecer essa pontuação, porque os vereadores subiram. Essa reunião dita, estava marcada há mais de duas semanas pela presidente da Comissão”, explicou.
Na sequência, a tucana foi à Tribuna explicar o pano de fundo em torno da reunião e disparou contra o petebista. “Hoje fomos surpreendidos por um gesto de covardia enquanto acontecia a reunião da Comissão de Educação em que o vereador Léo José entrou na sala da reunião gritando, me atacando pessoalmente por fazer nada mais do que o meu trabalho para o qual eu fui eleita por 34 dos 35 vereadores desta casa para assumir a presidência da Comissão de Educação”, pontuou explicando toda a linha cronológica: a ida de Bessa a Comissão de Educação estava prevista há duas semanas e só não havia acontecido até então, por problemas de agenda do próprio secretário. Nada foi feito sem transparência.
“Qual não foi a minha surpresa quando descobri que estava sendo atacada em plenário pelos colegas me acusando de fazer conluio em reuniões a portas fechadas para resolver as coisas sem comunicar com o plenário. Se tem uma coisa que a Comissão de Educação não faz nobre decano que é membro dessa Comissão [em direção ao vereador Anselmo Pereira], é reunião a portas fechadas. Esse é um hábito do Paço Municipal”, disparou. Citado, Anselmo Pereira disse que era prova viva que a vereadora sempre se pautou pela transparência e que em momento algum fez insinuações com relação à condução da tucana frente a Comissão de Educação.
‘Violência política de gênero’
Horas depois, a tucana foi às redes sociais relatar os momentos durante a Sessão e acusou, sem citar nomes, de ter sofrido violência política de gênero. “FUI ALVO DE VIOLÊNCIA POLÍTICA DE GÊNERO DE UM GRUPO DE VEREADORES DA BASE DO PREFEITO! Demorei um pouco para assimilar o que aconteceu, mas não tem outro nome”, pontuou.
Aava relembrou que aos berros, os parlamentares quiseram conduzir os rumos da reunião a qual presidia. “Gritaram comigo e me dirigiram diversas acusações, como se eu quisesse resolver por minha conta a questão da greve com reuniões às escondidas. VEREADORES QUE NUNCA PARTICIPARAM DE UMA REUNIÃO DA COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, QUE SEQUER SÃO MEMBROS DELA, chegaram em grupo para me intimidar e tumultuar o trabalho para o qual eu fui ELEITA (inclusive por eles). Alguma dúvida de que não fariam isso se o presidente fosse HOMEM?”
Aava pontuou que sequer ficaram para ouvir suas explicações. “E sabe o pior? Deram o CHILIQUE DELES e não tiveram a PACHORRA de ficar pra me ouvir. Viraram as costas e saíram, como fazem os adeptos da COVARDIA. E não para por aí: como eu não me intimidei e, apesar de trêmula e perplexa, mantive a reunião até o final, eles desceram para a sessão plenária e usaram o tempo de fala para MENTIR E ME ATACAR NA MINHA AUSÊNCIA. Pergunta se algum deles ficou lá quando eu desci pra esclarecer os fatos?”