PORTO ALEGRE, RS (UOL/FOLHAPRESS) – O Grêmio vai recorrer da decisão do Tribunal Disciplinar da Conmebol no ‘caso Gallardo’. Nesta segunda-feira (5), os advogados gremistas pedirão os fundamentos para elaborar a peça que será entregue à Câmara de Apelações da confederação sul-americana. Mesmo assim, a final da Libertadores entre Boca Juniors e River Plate não corre risco de ser adiada.
A decisão do último sábado vedou chance de efeito suspensivo. Com isso, o Grêmio buscará pena maior a Marcelo Gallardo, treinador do River Plate, e responsabilização do clube argentino.
De acordo com o departamento jurídico do Grêmio, o pedido de acesso aos fundamentos da decisão do Tribunal Disciplinar da Conmebol será feito nesta segunda-feira. O regimento dá prazo de até sete dias para que seja feito o pedido de recurso.
Com acesso aos fundamentos, os advogados do Grêmio irão finalizar a apelação. A ideia é buscar punição ao River Plate, ainda sob argumento de que o clube ajudou Gallardo a descumprir suspensão imposta um dia antes da segunda partida da semifinal, em Porto Alegre.
Internamente, o Grêmio vê o recurso como uma forma de marcar posição. Ainda no sábado, o clube gaúcho se mostrou revoltado com a decisão da Conmebol.
Aos olhos dos dirigentes, a demora entre o fim da audiência realizada na sexta-feira e a divulgação do julgado não faz sentido. Na Arena, circulou versão de que houve impasse entre os julgadores.
O grupo julgador fez uso de artigo que versa sobre ‘estabilidade das competições (Pro Competitione)’ e refutou a possibilidade de punir o River Plate. Sem sanção ao clube, o pedido do Grêmio de reversão do placar e classificação à final foi negado.
Para o Grêmio, a decisão foi tomada também por influência política. Os dirigentes gaúchos ficaram irritados com a antecipação abrupta do julgamento, de sábado para sexta-feira, e com o comunicado fora do horário de expediente e horas antes do início da audiência no Paraguai.
RELEMBRE O CASO
Na segunda-feira à noite, Marcelo Gallardo foi suspenso por uma partida, e o River Plate multado em 20 mil dólares (R$ 74,4 mil, na cotação atual) por reincidência em atraso para o segundo tempo. No dia seguinte, o treinador assistiu ao jogo contra o Grêmio em uma cabine de imprensa da Arena.
A transmissão do SporTV, contudo, flagrou o uso de um rádio comunicador para contato direto entre Gallardo e a comissão técnica do River. Além disso, o treinador foi ao vestiário visitante no intervalo para passar instruções.
Ao ver a cena, dirigentes do Grêmio denunciaram a entrada do argentino aos funcionários da Conmebol, e os mesmos aguardaram para produzir provas. Depois da partida, com a virada e classificação à final, Gallardo cometeu outra infração e deu coletiva na zona mista. Antes, o auxiliar Matías Biscay ironizou. “Talvez ele estivesse falando com sua família na Argentina”, disse, ao responder sobre o uso do rádio comunicador.
“Talvez eu tenha descumprido uma regra de não poder entrar no vestiário, porque não estava permitido. Eu reconheço e assumo (o erro), mas era o que eu precisava. O que eu sentia que tinha que fazer e não me arrependo”, afirmou Gallardo, depois do jogo.
O Grêmio pediu punição semelhante à aplicada nos casos de Chapecoense e Santos, em 2017 e 2018, respectivamente. A tese do clube gaúcho é que Marcelo Gallardo foi utilizado de forma irregular. Os dirigentes citaram os artigos 176 do Regulamento Geral de Competições da Conmebol e artigos 19, 56 e 76 do Regulamento Disciplinar.
Diante do protesto do Grêmio, e com processo aberto internamente, a Conmebol marcou audiência para sábado. Na quinta-feira à noite, a entidade antecipou a sessão e comunicou ao Grêmio por volta das 20h (Brasília). Surpreso, o clube gaúcho se desdobrou para conseguir viabilizar presença de seus advogados em Luque, no Paraguai. A previsão inicial era de anúncio no mesmo dia, mas depois houve prorrogação de prazo para sábado, 12h. O posicionamento, no entanto, saiu apenas no sábado à noite.