Mulheres grávidas reclamam da postura de governos no que se refere a doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, por exemplo, Dengue, Zika Vírus e Chikungunya. Levantamento coordenado pelo Instituto Patrícia Galvão e realizado pelos Institutos Data Popular e Locomotiva indica que há grande queixa junto a governos. Para as entrevistadas as administrações nas diferentes esferas imputam a população responsabilidades que deveriam ser dos gestores.
Cobranças
A pesquisa foi realiza entre os dias 29 de junho e 5 de julho, por meio da plataforma digital BabyCenter. Foram colhidos 3155 questionários respondidos por grávidas de todo o Brasil. O levantamento indicou que muitas medidas são conhecidas, mas poucas são adotadas.
“Como você cobra da mulher para cuidar do vaso de planta, da água parada, se os governos não cuidam de forma adequada de saneamento, de coleta de lixo. As ações do estado ficam um pouco invisíveis para a sociedade”, analisou Maíra Saruê Machado do Instituto Locomotiva.
Dados divulgados pelo Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas apontam que apenas 48,6% da população brasileira é atendida por serviços de esgotamento, só 39% das residências têm acesso a tratamento dos rejeitos e menos de 20% dos domicílios mais pobres no Brasil têm vaso sanitário ligado à rede de esgoto.
“Governo não cuida de nada na periferia… Tem lugar que não tem uma praça, não tem saneamento, tem esgoto aberto. Depois fala que a culpa é da gente que não cuida. Mas eles esqueceram, abandonaram a gente lá. Não tem coleta de lixo”, destacou uma grávida na pesquisa qualitativa realizada.
Prefeitos
Duas a cada três mulheres ressaltaram que o governo prioriza o investimento em propagandas ao invés de enfrentar de fato a epidemia das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, transmitindo a responsabilidade para população. 76% entendem que o poder público culpabiliza a população frente a situações de emergência de saúde pública.
89% das entrevistadas entendem que a ausência de saneamento básico pode contribuir para a disseminação da Zika. A maior parte das entrevistas avaliou que a falta de água potável, tratamento de esgoto e coleta de lixo pode resultar em doenças graves. 90% têm conhecimento de que as prefeituras são as responsáveis pela garantia desses serviços.
“Um risco que estamos correndo agora é de que a pauta sobre as doenças transmitidas pelo Aedes vá desaparecendo. É uma pauta qualificada, que deve ser colocada para os candidatos nas próximas eleições”, destacou representante da OMS em debate realizado em São Paulo, que o Diário de Goiás também participou.
Mesmo em regiões como Goiás, em que as políticas de saneamento ficam a cargo das companhias estaduais e não municipais, os prefeitos foram considerados os principais responsáveis pelas mazelas que resultam nas doenças transmitidas pelo Aedes. Foi constatada a ausência de políticas de uma limpeza mais adequada na cidade, com a falta de execução de serviços como: limpeza de terreno e coleta de lixo mais eficaz.
“As pessoas vivem em cidades. As pessoas querem respostas em cidades. Essa é uma pesquisa de percepção”, destacou Jacira Melo, presidente do Instituto Patrícia Galvão.
Dados da pesquisa quantitativa
Números da Dengue
Em Goiás de janeiro a julho foram confirmados 52 mil 925 casos e foram notificados 139 mil 619 casos. Cinco pessoas morreram por conta da Dengue. 101 óbitos estão sendo investigados pela Secretaria Estadual de Saúde.
Já em Goiânia no mesmo período foram notificados 57 mil 119 casos de Dengue. Na capital foram confirmadas duas mortes pela Dengue e outras 19 estão sendo investigadas. Em Anápolis foram também foram confirmados dois óbitos.
Convite
O Diário de Goiás foi convidado a participar nesta segunda e terça-feira, dias 8 e 9 de agosto do Seminário Nacional, Desafios para a Igualdade de Gênero e Raça nas Eleições Municipais de 2016 na cidade de São Paulo. Participam do evento jornalistas de todo o país, além de representantes de partidos políticos.
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