Os cem maiores doadores de campanha que não são candidatos a nenhum cargo nestas eleições injetaram até agora R$ 39 milhões em candidaturas por todo o país, e estão fugindo do financiamento a presidenciáveis.
A maior parte dos recursos foi destinada a candidaturas de deputados e senadores.
O valor ainda é uma prévia, já que as doações podem ser registradas até o fim das eleições, mas já contrasta com os bilhões de reais despejados por empresas nas últimas eleições, quando ainda era permitido o financiamento corporativo.
Nas campanhas deste ano, apenas pessoas físicas podem doar recursos e limitados a 10% dos rendimentos que tiveram no ano passado.
Assim, enquanto em 2014 a Cosan Lubrificantes doou R$ 30 milhões a diferentes candidaturas, neste ano o dono do grupo que controla a empresa, Rubens Ometto, doou R$ 3,6 milhões. O presidente da Cosan, Marcos Lutz, também está na lista dos grandes doadores, com R$ 300 mil.
Ometto lidera o ranking dos doadores, publicado na quarta-feira (12) pelo Tribunal Superior Eleitoral.
O empresário apoia 28 candidatos, entre senadores, deputados e um governador, e também direcionou recursos para os diretórios do MDB nacional e da cidade Jaraguá do Sul, em Santa Catarina.
O segundo maior doador é o também empresário Rubens Menin Teixeira de Souza, fundador da MRV Logística, que doou R$ 2,17 milhões para candidaturas de dois senadores, sete deputados federais e três estaduais, além de uma doação direta ao DEM-RJ.
Na sequência, aparece Nevaldo Rocha, fundador do grupo que comanda as lojas Riachuelo, que doou mais de R$ 2 milhões para seu neto, Gabriel Kanner, candidato a deputado federal em São Paulo.
Outros dois membros da família do ex-presidenciável Flavio Rocha, Elvio e Lisiane, também aparecem na lista dos maiores doadores.
No mercado financeiro, o destaque foi para José Carlos Reis de Magalhães, fundador da Tarpon Investimentos, que controla fundos acionistas de empresas como a BRF Foods. Ele doou ao todo R$ 950 mil para campanhas de dez deputados em seis diferentes estados.
Até agora apenas três presidenciáveis receberam doações acima de R$ 100 mil de empresários: Marina Silva (Rede), João Amoêdo (Novo) e Alvaro Dias (Podemos).
Mesmo assim as doações a Marina e Dias não estão contabilizadas entre os maiores doadores listados no ranking do TSE. Marina, por exemplo, recebeu R$ 100 mil de Carlos Bracher e outros R$ 50 mil de Fernão Bracher, irmão e pai do presidente do Itaú, Cândido Bracher.
Fernão Bracher também é doador de Amoêdo. Mas os valores não foram suficientes para que individualmente os Bracher fizessem parte da lista. Dos cem maiores doadores do ranking do TSE, a menor doação foi de R$ 125 mil.
Outra doação excluída da lista foi a do empresário Oriovisto Guimaraes, um dos fundadores do grupo Positivo, do Paraná, que colocou mais de R$ 1,7 milhão na campanha de Alvaro Dias. Como o próprio empresário é candidato ao Senado, ele não faz parte deste ranking do TSE.
Entre os doadores no final da lista está Anis Chacur Neto, presidente do banco ABC Brasil. Ele doou R$ 125 mil no total, sendo R$ 50 mil para Amoêdo –o presidenciável do Novo é o que mais tem banqueiros entre seus doadores.
Não faltaram também celebridades à lista. Luciano Huck, que flertou com a ideia de se candidatar à Presidência mas desistiu em fevereiro, aparece no ranking do TSE com uma doação de R$ 235 mil destinada a candidatos a deputado pelo PPS.
(Folhapress)