Ao menos 855 municípios do país estão em situação de alerta ou risco de novos surtos e epidemias de dengue, zika e chikungunya, aponta um levantamento do Ministério da Saúde com base nos índices de infestação do mosquito transmissor dessas três doenças, o Aedes aegypti.
O panorama faz parte de uma nova edição do LirAa (Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti), divulgado nesta quinta-feira (24). O levantamento foi feito entre outubro e novembro deste ano. A adesão dos municípios é voluntária.
De 2.284 municípios que enviaram dados, 855 apresentam situação de “alerta” -o que ocorre quando 1% a 4% dos imóveis visitados apresentam focos do mosquito -ou de “risco” de avanço de casos -quando esse percentual de imóveis com focos é maior que 4%. A pasta não informou os dados separados para cada categoria.
Outros 1.429 municípios estão em situação considerada satisfatória, o que ocorre quando menos de 1% dos imóveis analisados têm focos de Aedes aegypti.
Entre as capitais, Cuiabá apresentou índices mais altos de infestação, o que a coloca em situação de maior risco de novos surtos. Outras nove estão em situação de alerta: Aracaju, Salvador, Rio Branco, Belém, Boa Vista, Vitória, Goiânia, Recife e Manaus.
Embora acendam um sinal vermelho para as três doenças, o governo aponta a chikungunya como a principal preocupação com a chegada do verão, quando o clima fica mais favorável à proliferação do mosquito transmissor.
“Como é um vírus novo, qualquer crescimento para o ano que vem representa um número muito maior de pessoas atingidas”, afirmou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, referindo-se ao fato de que boa parte da população não tem imunidade contra a doença.
Para o ministro, o avanço da chikungunya, conhecida por causar fortes dores nas articulações, também deve deixar um maior número de “pessoas encostadas no INSS”.
“Nossa expectativa é que haja ano que vem um aumento significativo de casos de chikungunya, um problema sério, incapacitante. A pessoa não consegue trabalhar. Teremos um problema previdenciário porque essas pessoas ficarão encostadas no INSS, e isso aumenta as contas públicas”, afirmou.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, neste ano, o Brasil registrou 250 mil casos prováveis de chikungunya, um aumento de 850% em relação a 2015, quando houve apenas 26.435.
Apesar do alerta, o ministro minimizou o risco de uma possível epidemia da doença. “Ter 250 mil casos é são uma epidemia, nem que isso dobre. Mas é uma preocupação do governo”, disse.
Aedes aegypti e doenças
O governo também anunciou oficialmente a nova campanha para prevenção e combate ao Aedes aegypti, que ocorrerá até 24 de dezembro. Neste ano, o foco foi ampliado.
Em vez do tradicional anúncio de quais são as medidas recomendadas para eliminação dos criadouros do mosquito, a campanha foca em depoimentos de pessoas que sofreram impactos por essas doenças, como mães de bebês com microcefalia e pacientes que sofrem com dores nas articulações devido ao vírus da chikungunya.
“Estamos mostrando a consequência de não combater os focos do mosquito. Queremos que as pessoas percebam que é muito melhor cuidar dos focos do mosquito do que sofrer a vida inteira por não ter feito esse gesto”, afirmou Barros.
A campanha também passa a incluir, pela primeira vez, alertas sobre a possibilidade de transmissão sexual do vírus da zika. Já o dia D, conhecido pela mobilização nacional contra o mosquito, está marcado para o dia 2 de dezembro.
Folhapress