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Governo investiga 14 mortes por suspeita de febre amarela em MG

Em apenas três dias, o número de casos suspeitos de febre amarela dobrou em Minas Gerais e já atinge 48 registros em investigação, com 14 mortes.

Balanço anterior, divulgado na segunda-feira (9), apontava 23 casos suspeitos, um aumento de 109%. Destes, 16 já tiveram resultados positivos para a doença em exames iniciais e devem agora passar por novas análises.Também cresceu o número de municípios do interior do Estado com casos em investigação: de dez, passaram a 15. Segundo o Ministério da Saúde, todos os casos ocorreram na área rural, em regiões onde já havia recomendação de vacinação contra o vírus.

As cidades onde os casos são investigados são Ladainha, Malacacheta, Frei Gaspar, Caratinga, Piedade de Caratinga, Imbé de Minas, Entre Folhas, Ubaporanga, Ipanema, Inhapim, São Domingos das Dores, São Sebastião do Maranhão, Itambacuri, Poté e Setubinha.

O recente avanço da febre amarela acendeu um alerta entre autoridades de saúde e motivou a organização de uma força-tarefa para intensificar a vacinação nas áreas de Minas Gerais onde há registro de casos suspeitos da doença.

Em nota, o ministério informa que a vacinação imediata nestes locais deve ocorrer principalmente em pessoas que vivem nas áreas rurais dos municípios com casos suspeitos ou que nunca se vacinaram contra a febre amarela. Nos municípios onde há registros de casos, a vacinação será feita casa a casa, segundo a pasta. Em seguida, a campanha será estendida para cidades próximas.

Ao todo, 285 mil doses extras de vacina foram enviadas para a campanha. Nesta quinta-feira (12), a previsão é que mais 450 mil doses sejam encaminhadas.

Questionado sobre os casos, o ministro Ricardo Barros evitou comentar a possibilidade de surto, mas admitiu que a situação gera alerta e defendeu a intensificação da vacinação. “Ainda não há [um surto]. Se a população se vacinar rapidamente, estaremos com o risco controlado”, afirmou.

Segundo o ministério, todos os casos são de febre amarela silvestre, ou seja, ocorreram em áreas rurais e de mata. Nestes locais, a transmissão ocorre por meio de um ciclo que envolve primatas não humanos, como macacos, e mosquitos como o Haemagogus -que, por sua vez, podem transmitir o vírus a pessoas não vacinadas.

A febre amarela silvestre é uma doença endêmica no Brasil, principalmente na região amazônica. Nos últimos anos, porém, as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul também registraram casos. Em 2016, foram confirmados seis casos de febre amarela silvestre, dos quais cinco levaram à morte dos pacientes. Do total, três ocorreram em Goiás, dois em São Paulo e um no Amazonas.

Já a febre amarela urbana, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, não é registrada no Brasil desde 1942, o que reforça a necessidade de controlar possíveis surtos na área rural, dada a infestação deste vetor no país.

‘ALERTA’

A suspeita de um possível surto de febre amarela em Minas Gerais fez com que o Ministério da Saúde enviasse uma notificação à OMS (Organização Mundial de Saúde). A medida segue recomendação do Regulamento Sanitário Internacional, que prevê que todas as ocorrências importantes à saúde pública sejam informadas e monitoradas.Duas equipes do Ministério da Saúde também foram enviadas para ajudar na investigação dos casos.

Segundo o virologista Pedro Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, laboratório referência na área e que dá apoio na investigação, o aumento de casos prováveis da doença neste ano preocupa. Em um dos fatores, pela época em que ocorrem: em geral, os meses de dezembro a maio são o período de maior risco de transmissão da febre amarela silvestre, tanto pelas chuvas quanto pela época de viagens. “No verão, as pessoas vão muito à mata para pescar ou fazer ecoturismo. Tem que estar com a vacina em dia”, afirma.

Outro fator é a elevada infestação de Aedes aegypti no país, mosquito que pode transmitir o vírus caso ele volte à área urbana -nos últimos anos, só houve casos da febre amarela silvestre.

“O risco de reurbanização sempre aumenta quando há aumento dos casos notificados. Felizmente temos a vacina e a maior parte da população é vacinada”, diz ele, que recomenda vigilância também em locais onde a vacina não é recomendada.

De acordo com Vasconcelos, a doença preocupa pela elevada letalidade -cerca de 45%. “É uma doença bifásica. Na fase inicial, de três a cinco dias, o paciente tem febre, dor de cabeça, dores no corpo, cansaço, perda de apetite, náuseas e vômitos”, relata o virologista. Já nas formas graves, podem ocorrer icterícia (coloração amarelada da pele), hemorragias e insuficiência renal. “Esses três fatores, somados, podem levar à morte do paciente”, afirma. 

(FOLHAPRESS)

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Rayka Martins

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