O governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) decidiram, nessa segunda-feira (29), prorrogar por 20 dias o prazo para a entrega das armas dessa guerrilha e estender por dois meses a vigência das áreas onde estão reunidos seus membros, anunciou o presidente Juan Manuel Santos. O prazo terminaria nesta semana.
“Serão 20 dias adicionais para o desarmamento e 60 para as reincorporações. Não é nada para terminar bem 53 anos de enfrentamento e violência fratricida”, afirmou o presidente, em pronunciamento ao país.
O período de 180 dias para a implementação da paz começou a ser contado no último dia 1º de dezembro, um dia após a ratificação, pelo Congresso colombiano, do acordo assinado em 24 de novembro em Bogotá. Vários problemas, no entanto, acabaram atrasando esse processo e levaram as Farc a pedir a ampliação do prazo por pelo menos dois meses.
Santos disse hoje que nesses últimos seis meses houve avanços “no desarmamento completo e definitivo das Farc” e que, apesar dos atrasos sofridos principalmente por problemas logísticos na construção das zonas de vereda transitórias de normalização (ZVTN), onde estão reunidos 6.934 guerrilheiros, esse processo foi ordenado e seguro.
“No entanto, devido aos atrasos acumulados por causa dos problemas que já mencionei, de comum acordo com as Nações Unidas e as Farc, decidimos que a entrega das armas terminará não como estava previsto [nesta semana], mas dentro de 20 dias”, acrescentou.
Pelas mesmas razões, as partes decidiram prolongar a vigência das ZVTN por dois meses, até 1º de agosto deste ano. “Esse tempo adicional permitirá pôr em marcha devidamente o processo de reincorporação à vida civil e sem armas dos ex-membros das Farc”, explicou.
O governante colombiano destacou que a mudança na data não afeta de modo algum a firme decisão e o claro compromisso do governo e das Farc de cumprir o acordo.
“O Mecanismo de Monitoramento e Verificação (MM&V) seguirá exercendo o seu papel até certificar que a última arma das Farc foi entregue e retirada do território nacional”, completou.
O MM&V é um mecanismo tripartite, integrado por membros das Nações Unidas, da polícia colombiana e das Farc, presente nas 26 zonas rurais onde estão reunidos os guerrilheiros, e destinado a supervisionar o cumprimento do cessar-fogo bilateral e definitivo.
Nesse sentido, Santos disse também hoje que o cessar-fogo funcionou, pois desde o início, há seis meses, não houve um só enfrentamento entre as forças do estado e integrantes das Farc. “Nenhum ferido, nenhum morto. Mais importante ainda, não houve um só incidente ou ataque contra a população civil”.
“Cumpridos os primeiros seis meses desde a assinatura do acordo, podemos dizer, sem sombra de dúvida, que a paz é irreversível. Não vamos voltar atrás. Por nenhum motivo, vamos voltar às épocas terríveis da violência, de medo, de assassinatos e de massacres. A Colômbia está deixando para trás essa história de sangue e dor para sempre”, concluiu o presidente.
Com informações da Agência EFE