O governo chinês saiu nesta terça-feira (9) em defesa da guerra às drogas do presidente filipino Rodrigo Duterte, que já deixou ao menos 7.000 mortos no país segundo a polícia nacional (organizações de direitos humanos falam em mais de 8.000).
O arquipélago asiático está sob análise do Conselho de Direitos Humanos da ONU -a cada quatro anos, os países passam por uma revisão periódica em Genebra.
Durante a reunião, 45 membros da ONU criticaram publicamente o governo filipino pela violência policial e pela decisão de retomar a pena de morte no país.
Aprovada pela Câmara, a medida tramita agora no Senado. Pesquisa feita pelo instituto Pulse Asia em março mostra que o apoio da população à pena capital ainda é alto (67% a favor), mas decrescente (eram 81% na última pesquisa, de julho do ano passado).
A Igreja Católica, que congrega mais de 80% dos filipinos, tem organizado marchas contra a mudança na lei.
Além das mortes, há acusações de maus tratos nas prisões. No final de abril, 13 homens e mulheres foram encontrados encarcerados numa cela secreta de 5 metros quadrados, sem janelas, em um distrito policial de Manila.
MÍDIA DIFAMATÓRIA
Na exposição ao conselho da ONU, o representante filipino negou que a posse de Duterte tenha detonado um aumento no número de mortes e acusou a mídia ocidental de “promover uma campanha difamatória, com reportagens imprecisas baseadas em ‘fatos alternativos’ fornecidos por opositores do governo”.
O representante chinês, por sua vez, elogiou “os esforços do presidente filipino em promover os direitos humanos e em se livrar das drogas, que assolam tantos países emergentes, inclusive a China”.
Vem do gigante asiático boa parte da principal droga consumida nas Filipinas, a metanfetamina.
Chineses controlam rotas do narcotráfico e fornecem praticamente todos os equipamentos e químicos usados como matéria-prima para a droga produzida em território filipino.
MAR DO SUL DA CHINA
O apoio chinês ao presidente filipino tem motivos geopolíticos. Pequim considera Rodrigo Duterte um aliado importante em seus interesses no mar do Sul da China.
Desde que assumiu, o presidente da Filipinas alterou o equilíbrio de forças na região, por onde passam anualmente cerca de US$ 5 trilhões (mais de R$ 15 trilhões) em cargas marítimas e onde têm sido descobertas reservas petrolíferas.
Duterte abriu mão de uma disputa territorial com os chineses pelas ilhas Spratly e colocou em dúvida a manutenção da aliança militar que permite aos Estados Unidos manter bases em território filipino.
A presença americana serve como contrapeso aos avanços chineses no Sudeste Asiático.
A política de aproximação com a China aumentou a preocupação do governo japonês com avanços chineses no mar do Leste da China, no qual Tóquio e Pequim travam disputa sobre ilhas.
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