Os governadores do Brasil Central organizam uma ação forte e ampla na próxima reunião deles, no início de novembro, em Brasília. A ideia é fazer visitas em blocos a vários ministérios e tentar uma audiência com a presidente Dilma Rousseff, além de reuniões com as bancadas federais das seis unidades da federação. “Vamos demarcar território e mostrar os projetos e o peso político do nosso bloco. É claro que estamos desenvolvendo ações independentes de repasses federais, mas também queremos a parceria e o apoio efetivo do governo federal. Também vamos nos posicionar sobre projetos em andamento no Legislativo”, explica o governador de Goiás Marconi Perillo.
O bloco formado em julho deste ano por Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rondônia conta com seis governadores, 18 senadores, 57 deputados federais, mais de 160 deputados estaduais, mais de 650 prefeitos e milhares de vereadores. “Temos peso político e econômico significativo. E representamos uma parcela importante da população brasileira. Nosso movimento vem despertando interesse em outros estados e regiões. Mesmo que a ação seja independente do governo federal, precisamos nos posicionar e buscar respaldo em Brasília”, explica o titular da Secretaria de Gestão e Planejamento de Goiás, Thiago Peixoto, que é deputado federal licenciado.
Thiago é um dos principais articuladores e executivos do MBrC e vem trabalhando diretamente desde as conversas preliminares. Ele explica que um dos ministérios no foco dos governadores é o da Integração Nacional, que cuida dos fundos constitucionais e das superintendências regionais. “Os governadores vão cobrar uma aplicação mais efetiva dos fundos, que hoje não cumprem o seu papel. Os estados precisam participar diretamente na definição dos projetos e na aplicação dos recursos. Os governadores tiveram uma relevância muito grande na vida política nacional, como na redemocratização, e têm que retomar esse protagonismo. O Movimento Brasil Central está fazendo isso. Estamos invertendo a lógica da política regional”, explica o secretário.
A reunião de Brasília, que vai marcar o 5º Fórum dos Governadores do Brasil Central, será marcada, inclusive, para dia da semana diferente. Até agora, as reuniões eram nas sextas-feiras. A ideia, na capital federal, é fazer o encontro no meio de semana para conseguir construir uma agenda junto aos parlamentares, ministros e, possivelmente, com a presidente da República. “Precisamos dedicar muita atenção a esse encontro em Brasília, pois teremos muito a fazer”, afirma o governador Marconi Perillo.
A reunião em Brasília também terá como novidade o início do funcionamento da sede física do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central (CBrC). Nesta semana, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul devem aprovar as autorizações legislativas para os governos integrarem o consórcio, completando 100% (os demais já aprovaram). “Temos o consórcio criado oficialmente, uma sede física, várias parcerias adiadas e vários projetos sendo elaborados. Temos muito a apresentar em muito pouco tempo. Estamos fazendo um trabalho inovador no Brasil Central e que vai deixar um marco histórico”, avalia Thiago Peixoto.
Mangabeira
O secretário goiano teve a primeira conversa sobre a possibilidade de criação do bloco no final do ano passado nos Estados Unidos. Ele foi à universidade de Harvard falar sobre os significativos avanços educacionais de Goiás enquanto foi secretário de Educação, entre 2011 e 2013 (o estado deixou os últimos lugares e passou para os primeiros no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb). “Encontrei-me com o professor Roberto Mangabeira Unger e descobrimos uma ideia em comum sobre a possibilidade de criação de uma agenda de desenvolvimento a partir da região central do Brasil”, relembra Thiago Peixoto. Mangabeira é professor titular em Harvard.
Já em 2015, com Thiago na Segplan Goiás e Mangabeira como ministro da extinta Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), os dois voltaram a falar sobre o assunto. Em junho, em um evento em Goiânia, Mangabeira fez uma provocação: o governador Marconi Perillo tinha o papel de liderar um movimento regional de desenvolvimento a partir de Goiás e do Centro-Oeste.
Em julho, ocorreu o 1º Fórum de Governadores do Brasil Central, em Goiânia, quando o bloco foi criado por meio da assinatura da Carta de Goiânia. Outras reuniões ocorreram em Cuiabá (agosto), Palmas (setembro) e Campo Grande (outubro). Mais fóruns estão programados para Brasília (novembro) e Porto Velho (dezembro). Também está programado um seminário de encerramento para a segunda quinzena de dezembro em Pirenópolis.
“ Em apenas três meses tivemos a criação do Consórcio Brasil Central, com a definição de uma carteira de projetos em oito áreas: educação, infraestrutura e logística, agropecuária, industrialização, empreendedorismo, inovação (ciência e tecnologia), meio ambiente e turismo. Temos resultados significativos em muito pouco tempo mas, mais do que isso, precisamos criar projetos interessantes para a região e implantá-los”, explica o secretário Thiago Peixoto.
O governador Marconi Perillo tem se revelado entusiasmado com o Movimento Brasil Central. Ele ressalta a rapidez com que as coisas vêm acontecendo e o alinhamento claro entre os estados e os governadores da região. “Não temos divergências. E se surge algum ponto mais sensível, temos a clareza de conversar e avançar na solução. Estamos caminhando unidos em prol dos objetivos comuns. Hoje eu não falo simplesmente como governador de Goiás. Eu falo como um dos governadores do bloco do Brasil Central”, completa o governador goiano.