Eleito governador de Santa Catarina neste domingo (28), o comandante Carlos Moisés da Silva (PSL) se projetou no embalo do presidenciável Jair Bolsonaro, mas pouco lembra os rompantes do capitão reformado do Exército.
Aos 51 anos, com voz mansa e estilo cordial, o coronel da reserva do Corpo de Bombeiros disputou sua primeira eleição e foi alçado supreendentemente ao governo do estado.
O novo governador, que adotou Comandante Moisés como nome de urna, também tem no combate à criminalidade uma de suas prioridades -mas não faz gestos de revólver com os dedos nem defende “ir com tudo para cima” dos criminosos.
Para ele, o caminho é investir no policial e melhorar os presídios, inclusive por meio de privatizações, reforçando o acesso do preso ao trabalho e ao estudo.
Recentemente, Moisés passou a fazer lives no Facebook, tal como Bolsonaro, mas ainda demonstrando pouca intimidade com o ambiente. Em tom de voz baixo e quase tímido, dá boas-vindas aos internautas e promete “um tempo de qualidade”. Com a ajuda de um assessor, lê as perguntas dos eleitores. E responde calmamente, sem pressa ou arroubos retóricos.
“Ele é um democrata. Não é tão assim… As ideias do Bolsonaro são mais fortes, e o Moisés é mais tranquilo”, comentou à reportagem o presidente do PSL em Florianópolis, Devair Esmeraldino. Para ele, o novo governador encampa a plataforma do Bolsonaro, mas a expõe de uma forma diferente, o que ajudou a atrair a confiança do eleitor.
Natural de Florianópolis, Moisés passou a maior parte de sua carreira no sul do estado, nas cidades de Tubarão e Criciúma. É mestre em direito, foi professor de direito constitucional e, como bombeiro, atuou na Defesa Civil e na Secretaria de Justiça, quando trabalhou na prevenção de incêndios em presídios do estado. É casado e tem duas filhas.
Até poucos meses atrás, era assessor do vereador de Tubarão Lucas Esmeraldino (PSL), presidente estadual do partido e principal fiador da candidatura de Moisés, que lançou também com o objetivo de garantir sua candidatura ao Senado (ele terminou em terceiro lugar).
Sem histórico partidário ou eleitoral, o candidato, que se filiou ao PSL em março, afirma representar “a verdadeira mudança”.
Moisés rebateu as críticas de que não tem experiência, e disse que esse é “um discurso vazio”.
“Você escolhe, testa e ou referenda, ou rechaça. É assim que funciona. Esse é o processo democrático”, afirmou ao votar neste domingo (28), dizendo que quer governar com o apoio do Legislativo, mas “isso não significa participação no governo”.
A campanha colou na imagem do presidenciável e surfou na onda bolsonarista, especialmente forte em Santa Catarina, onde o candidato fez no primeiro turno sua maior votação proporcional do país (com 65% dos votos).