NELSON DE SÁ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na terceira ação em seis meses contra a proliferação de notícias falsas em suas plataformas, o Google anunciou nesta terça (25) mudanças no algoritmo de busca para destacar “páginas com mais autoridade” e rebaixar “conteúdo de pouca qualidade”.
É o principal serviço do Google, que domina 90% das buscas mundiais. O algoritmo -conjunto de regras e operações para chegar a um resultado- passou por melhoria nos “métodos de avaliação” para responder expressamente ao “fenômeno das ‘fake news'”.
À reportagem, o vice-presidente mundial de Engenharia do Google, Ben Gomes, explicou que a mudança do algoritmo foi feita por tentativa e erro, com base nas respostas de 10 mil avaliadores contratados para acompanhar a qualidade dos resultados.
É o processo de atualização constante do algoritmo, que em 2016, por exemplo, levou a 600 mudanças. Desta vez, a novidade é que o Google alterou as diretrizes dadas aos avaliadores -distribuídos pelo mundo- para que identificassem informações falsas.
“Nós estávamos vendo problemas com conteúdo enganoso e incorreto, ou de ódio, então adicionamos às diretrizes, para os nossos avaliadores prestarem atenção e apontarem as páginas que viam como de baixa qualidade”, diz Gomes.
“Isso significa que, quando o algoritmo passa por uma modificação, se essas páginas forem rebaixadas nos resultados de busca, ele será considerado melhor pelos avaliadores. É um processo por amostragem.”
Gomes acrescenta que “isso não quer dizer que tudo [conteúdo falso] vai desaparecer, mas significa que o Google vai se manter na dianteira desse jogo”, lembrando que desde o surgimento do serviço de busca existem “pessoas tentando enganar os sistemas”.
Paralelamente, o Google anunciou nesta terça a ampliação das avaliações diretas dos usuários sobre as ferramentas de autocompletar (o preenchimento automático da frase de busca iniciada pelo usuário) e de trechos (o destaque de uma página explicativa no alto da busca).
Essas respostas obtidas diretamente junto aos usuários não serão usadas para alterar de imediato as buscas, mas para alimentar eventuais mudanças futuras no algoritmo.
Em outubro, o Google fez seu primeiro movimento contra notícias falsas, alterando a plataforma de publicidade AdSense para evitar repasse de dinheiro a sites identificados como enganosos. Depois, acrescentou serviços de checagem de informação às plataformas de notícias e de busca.