O Estado de Goiás registrou o quinto maior aumento no registro de homicídios em que há a intenção de matar. É o que mostra reportagem do Jornal O Popular, baseada em dados do Anuário Brasileiro de Segurança, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança.
Veja o texto completo, disponível no site do Jornal:
Goiás registrou o quinto maior aumento do Brasil de registros de ocorrências de homicídios dolosos (aqueles com intenção de matar) entre 2011 e 2012. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2013, divulgados ontem pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública mostram que, no Estado, o quantitativo subiu de 998 para 1.297 em um ano – aumento proporcional de 28,4% nas taxas para cada grupo de 100 mil habitantes. Esses dados são referentes ao total de boletins de ocorrência. O número de vítimas é maior que isso, já que em um caso pode haver mais de uma morte. À frente de Goiás estão, apenas, Amapá (193,9%), Pará (186,6%), Piauí (39,6%) e Ceará (32%).
O estudo especifica, por Estado, as taxas de homicídio para cada 100 mil pessoas. Nesse comparativo, Goiás ocupa a 18ª posição no ranking dos mais violentos no ano passado, duas posições acima da que ele ocupava em 2011, quando estava na 20ª posição, com um índice de 16,4. Essa escalada de posições reflete o aumento da violência no Estado. As primeiras posições do ranking são ocupadas por Amapá (58,2), Pará (42,2) e Ceará (40,6).
Ontem, durante entrevista coletiva para apresentar os números absolutos de homicídios em Goiás e Goiânia, o secretário de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, comentou os dados do Anuário. Ele defendeu que o Estado tem conseguido conter o avanço da violência, neste ano, uma vez que o aumento registrado entre 2012 e 2013 está, na avaliação dele, bem abaixo dos 28,4% citados na pesquisa. Até então, nos dez primeiros meses do ano, a elevação foi de 8%. Com esse argumento, Mesquita quis dizer que no próximo ano, quando a oitava edição do Anuário for divulgada, a diferença será menor, reflexo, segundo ele, das ações desenvolvidas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP).
O Estudo é feito desde 2007 e se baseia em dados de ocorrências criminais, a partir dos números do Sistema Nacional de Estatísticas em Segurança Pública e Justiça Criminal (SINESPJC), da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça (MJ), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Nessa perspectiva, uma chacina com cinco mortes, por exemplo, só é contabilizada uma única vez, por se tratar de registro único. Da mesma forma, as mortes ocorridas depois que a vítima foi levada para o hospital e decorrentes de confrontos com a Polícia também não são inseridas no cálculo.
A estatística da SSP, apesar de também não incluir entre os homicídios dolosos as mortes em confronto, é diferente e se baseia no número de vítimas e não no de ocorrências. Em 2012, conforme divulgado ontem pelo secretário, só de janeiro a outubro, foram 1.955 mortes no Estado. No ano todo, foram contabilizadas 2.426 resultantes de homicídios com intenção de matar, que equivalem a 87% mais que o total de boletins de ocorrência, conforme os 1.297 divulgados ontem pelo Anuário.
Na edição de sábado, O POPULAR adiantou que os homicídios estão crescendo de ano para ano em Goiânia e que, nos dez primeiros meses de 2013, foi registrada uma marca recorde de 496 casos, frente aos 474 de 2012, no mesmo período. Os números apresentados pelo jornal incluem as mortes resultantes de confrontos com policiais e suspeitos de crimes.
O Anuário do Fórum Nacional de Segurança contabiliza os dados de confronto separadamente. De 2011 para 2012, as mortes decorrentes da ação policial, especialmente da Polícia Militar, segundo a pesquisa, aumentaram de 6 para 17 em Goiás – elevação de 183,3%. Conforme o estudo, nos anos avaliados, não foram registrados casos de mortes envolvendo a ação da Polícia Civil.
PRIMEIRO NA REGIÃO
No comparativo entre os Estados da Região Centro-Oeste, Goiás ficou em primeiro lugar em 2012, com o maior número absoluto de homicídios dolosos. Entre os demais, apenas o Distrito Federal seguiu a tendência de aumento, com elevação de 704, em 2011, para 787 ocorrências no ano passado – acréscimo de 10,2% nas taxas referentes a cada grupo de 100 mil habitantes. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registraram quedas de 2,4% e 14,6%, respectivamente.
Em se tratando de incidência de casos para cada grupo de 100 mil pessoas, Goiás fica na terceira colocação na região. O ranking local é liderado pelo Mato Grosso, que apesar da queda porcentual de um ano para o outro, ainda mantém a taxa de 29,9 homicídios para cada grupo, seguido de perto pelo Distrito Federal (29,7). Mato Grosso do Sul é o que possui a menor taxa do Centro-Oeste (14,9).