Goiânia recebe neste sábado (24) e domingo (25) a peça “Histeria”, dirigida pelo consagrado Jô Soares. A peça é uma versão de uma comédia britânica. A versão original foi escrita em 1993, por Terry Johnson e ela foi dirigida por John Malkovich e prestigiada em diversos países da Europa.
Jô Soares mergulhou no relacionamento pouco provável entre Freud (1856-1939) e Salvador Dalí (1904 – 1989) para moldar a peça ‘Histeria’. Jô Soares diz que descobriu uma forte conexão entre as duas personalidades durante pesquisas. “Achei que era uma fantasia da cabeça do autor, mas é tudo baseado em fatos”.
Em 1938, o pintor surrealista Salvador Dalí (interpretado por Cassio Scapin) visita o pai da psicanálise Sigmund Freud (interpretado por Pedro Paulo Rangel), que estava à beira da morte. Freud havia recentemente escapado da Europa nazista e estabelecera-se em Londres.
Numa das sequencias mais engraçadsa da trama, Dali encontra Freud em seu consultório, onde ele, atrapalhado por uma série de situações cômicas anteriores, encontra-se segurando uma bicicleta coberta por caramujos, com uma das mãos presa dentro de uma galocha e com a cabeça enfaixada numa espécie de turbante. O mestre surrealista, fascinado pela visão, conclui: “O que Dalí vê apenas em sonhos, você vive na realidade!” Sem dúvida, um dos maiores encontros do século passado. A psicanálise e o surrealismo.
Utilizando a linguagem do humor, onde a comunicação é privilegiada para que o público possa mergulhar em temáticas complexas e não cotidianas, o autor coloca “respiros dramatúrgicos” para que reflexões mais profundas possam ser feitas. Artimanha usada para em seguida arremessar a plateia em mais uma vertiginosa sequencia de situações hilariantes e de apelo popular.
As cenas de Histeria copiam momentos vividos pelos dois na vida real como a admiração de Dalí pelas obras freudianas, o desenho que faz do psicanalista e mais.