A falta de apoio de autoridades governamentais e falta de apoio para realização de grandes eventos, como o Villa Mix, ameaça a realização de grandes eventos da economia criativa, em Goiânia. A avaliação é do Diretor Executivo do evento, Santiago Maia, em entrevista ao Diário de Goiás, durante o encontro realizado para patrocinadores do festival no Vivence Hotel. O Villa Mix aquece a economia da capital e incrementa a receita do ICMS do Governo de Goiás. O diretor, durante a entrevista, confessou que estava “exausto” com exigências de última hora contra a realização do evento.
ENTREVISTA – Santiago Maia, Diretor Executivo do Villa Mix
Altair Tavares – Villa Mix Festival já é um evento consolidado. Qual o impacto econômico e turístico do festival para Goiânia?
Santiago Maia – O Villa Mix é um evento a nível mundial. Com todo respeito a todos os outros eventos do Brasil, nós hoje somos, sem dúvida, o maior evento de música do Brasil. Nós levamos (em edições durante o ano) 1.200.000 pessoas para dentro do Villa Mix. Temos seguidores (nas redes sociais) de todos os Estados do Brasil e mais de um terço das cidades representadas por foliões, por clientes, dentro do festival. O evento começou em Goiânia, hoje nós fazemos 20 edições nacionais. Nesse ano, nós faremos duas edições internacionais, uma no Paraguai e outro em Portugal. No Paraguai, nós esgotamos os ingressos em menos de duas semanas de venda. E, em Portugal, estamos seguindo a mesma tendência. O Villa Mix é um festival que vai se esparramar, ele começou sertanejo, mas já agrega o forró, agrega nomes mundiais como o DJ Alok no eletrônico e ele se internacionalizou trazendo o ano passado o Maluma e a Demi Lovato. Esse ano nós estamos trazendo o Shawn Mendes, que é o queridinho da moçada, e também o Nick Jonas, só para edição de Goiânia, isso sem falar nas edições de São Paulo e Rio de Janeiro. Então, o Villa Mix se consolidou, ele é uma marca forte, e a intenção nossa é mostrar para o mundo que Goiânia é o berço disso. Nós somos goianos e temos muito orgulho disso, isso que eu acredito que seja a maior força do Villa Mix para Goiânia.
Altair Tavares – Do ponto de vista turístico para Goiânia, o que significa Villa Mix?
Santiago Maia – É o principal evento turístico da cidade. Hoje, 60% do público do Villa Mix, que são 60 mil pessoas por dia, é um público turístico, estamos falando de 35 mil pessoas de outras cidades, que vem para cá. Então, por exemplo, não tem mais hotel disponível em Goiânia, em Anápolis, não tem hotel, já está 100% ocupado. Ontem, inclusive, nós reservamos 50 quartos de hotéis em Anápolis, para receber os nossos convidados porque em Goiânia acabou.
Altair Tavares – Isso agrada muito o setor turístico, certamente.
Santiago Maia – O setor hoteleiro e o pessoal de serviços, restaurantes, táxis, aplicativos de mobilidade, todos esses agradecem o Villa Mix, comércio, shoppings, o que falta ainda na nossa cidade. Isso é um apelo que a gente faz, inclusive, é que os nossos governantes não enxergam (a importância) o Villa Mix e outros eventos que tem na cidade de Goiânia e no nosso Estado, como sendo uma atração turística. Nós somos massacrados, falta apoio político e dos governantes, para que os eventos possibilitem esse fator turístico para Goiás. Então o turismo não é só uma cachoeira, uma água quente, o turismo de lazer hoje é chamado de economia criativa. Por exemplo, Paris é a cidade no mundo que mais investe no turismo de eventos, mas de eventos de lazer, pois enche a cidade durante uma semana inteira. Depois de Paris, tem Miami, e nós já recebemos do Governo de Miami o convite para levar o Villa Mix para lá. Eles sabem que vai encher a cidade durante uma semana toda. Falta o Brasil chegar nisso, principalmente os governantes goianos.
Altair Tavares -Essa resistência ela aparece na concessão de uma licença, por exemplo? Onde ela aparece?
Santiago Maia – Não sei te responder isso. A burocracia que nós enfrentamos é muito grande. Todos os anos a gente recebe uma lista de exigências, cumprimos elas com 8, 9 meses de antecedência, mas nos últimos minutos somos atormentados com muitas outras exigências que a gente não sabe nem por onde começa a fazer.
Altair Tavares -Esse ano já apareceu alguma?
Santiago Maia – Com certeza. Não vamos citá-las, mas a situação principal é entender que o goiano é um povo que gosta de festa, que trabalha pensando na alegria do final de semana, e que nós temos isso na nossa raiz. Goiânia hoje não tem um local aprovado para fazer um evento igual o Villa Mix, isso está faltando na nossa capital, nós podemos crescer muito com isso.
Altair Tavares – Essas dificuldades acontecem em outras cidades?
Santiago Maia – Não. É totalmente o contrário. Por exemplo, no Rio de Janeiro, que já tem o Rock in Rio e outros grandes eventos, em São Paulo, que tem o Lollapalooza, as prefeituras estendem o tapete vermelho para nós, nos ajudam com todas as licenças em um único dia, em uma única reunião. Eles entendem que o turismo de eventos é uma economia criativa, a economia do século 21. Então em Goiânia, nós estamos dando passos para trás, e não só o Villa Mix, nós temos grandes eventos em Goiânia, os grandes produtores de eventos do Brasil saíram de Goiânia. Antigamente, era Salvador, mas agora, quem manda na produção de eventos no país é Goiânia, e nós estamos jogando isso fora.
Altair Tavares – Essa é uma frase forte: quem manda na produção de eventos no Brasil é Goiânia. Como assim?
Santiago Maia – Sim, nós temos o maior escritório de música do Brasil. Os dois maiores estão aqui. Não estou nem falando dos medianos, e sem falar que o pessoal que produz festa nos grandes centros turísticos é de Goiânia, mas estão mudando seus escritórios forçosamente para o eixo Rio-São Paulo, porque a nossa capital não nos acolhe
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Altair Tavares – Quanto a cidade movimenta em termos financeiros com o Villa Mix?
Santiago Maia – Nós temos dois estudos realizados, um pela Secretaria de Desenvolvimento do Estado de Goiás, em 2016, que mostrou que a arrecadação dois dias antes e dois dias depois do Villa Mix, em relação ao ICMS, aumenta em mais ou menos 35%. E temos um estudo independente que mostra a ocupação de hotéis, movimentação de ISS, e aumenta a cadeia produtiva em mais de 40%.
Altair Tavares – Este ano terá transmissão ao vivo pelo Youtube como no ano passado?
Santiago Maia – O ano passado as nossas transmissões bateram 2 milhões de acessos ao vivo, recorde mundial do Youtube. Batemos o nosso próprio recorde que era de 2016, conseguimos alcançar 80 países diferentes durante a transmissão, e além disso, transmitimos pelo Multishow, pela GloboSat, que está em mais de 140 países. O resultado disso a gente ainda não sabe, mas a tendência é de superarmos mais uma vez o nosso próprio recorde.