Com previsão para renovação da frota do Eixo Anhanguera para o segundo semestre, o transporte público da Região Metropolitana de Goiânia irá seguir uma tendência global, de acordo com o especialista Euclides Chuma. Com ônibus elétricos à disposição do passageiro que usa o serviço, a capital se tornará pioneira no serviço, que engatinha lentamente buscando seu espaço no Brasil e no mundo.
A avaliação é do pesquisador e doutor em engenharia elétrica Euclides Lourenço Chuma, membro sênior do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), organização dedicada em pesquisas sobre o avanço da tecnologia em benefício da humanidade, em entrevista ao Diário de Goiás.
“Vejo uma vantagem em Goiânia ser pioneira nessa questão da eletrificação do transporte público que é justamente seguir a tendência mundial”, pontua Chuma. “Na Europa, a expectativa é que o transporte público torne-se elétrico até 2050, sendo que até 2030, espera-se que um terço seja eletrificado”, pontua.
“Goiânia toma a dianteira na eletrificação do transporte público no Brasil tende a ter esse know how e trazer benefícios para a população”
Euclides Lourenço Chuma, especialista e doutor em engenharia elétrica ao Diário de Goiás
O especialista explica as vantagens no modal em detrimento aos veículos à diesel, comumente utilizados hoje. “Primeiro: a qualidade e o conforto para o usuário. Os ônibus elétricos vibram menos que os ônibus a diesel, provocam menos poluição sonora tanto para quem tá dentro como para quem está fora dos ônibus. Emitem menos CO2 que os ônibus tradicionais com motor a diesel, então polui menos”, destaca.
Caminhando a passos lentos para se tornar tendência
Apesar da tendência já ser uma realidade, a renovação da frota no transporte coletivo e a transição para veículos elétricos ainda é lenta. De acordo com a plataforma e-bus Radar em dados de novembro de 2022, o país conta com apenas 68 ônibus elétricos a bateria em uso no transporte público. Parcela significativa concentra-se em São Paulo. O número está distante da vizinha Colômbia, que já possui 1.589 veículos eletrificados e também do Chile que possui 849.
Além da Colômbia e Chile, Chuma diz que Goiânia pode mirar outros exemplos, como por exemplo, a Suécia, de onde concedeu a entrevista por telefone. “Goiânia pode mirar na Suécia. Aqui na Suécia, os ônibus elétricos já são realidade. As pessoas utilizam transporte público independente da classe social e isso é muito bom porque a qualidade do serviço tende a ser muito boa”, pontua.
Euclídes tem a expectativa de ver algo semelhante em terras brasileiras. “Espera-se o mesmo do Brasil. Esperamos que a eletrificação do transporte público gere um serviço de melhor qualidade e tenha mais usuários, das mais diversas classes sociais”.
Ainda há, no meio do caminho dos defensores dos veículos movidos a eletricidade, aqueles que contestam o modelo e defendem a utilização do etanol, também considerado “combustível verde” para abastecimento de ônibus. Chuma, avalia que algumas linhas argumentativas podem obstruir essas teses, reforçando a eletrificação como melhor opção.
“Contudo, ele [o etanol] não terá a mesma eficiência que o diesel para veículos pesados e consequentemente, não terá a mesma eficiência para o motor elétrico. Hoje, o motor elétrico é entre 70 e 90% mais eficiente que o motor diesel que é mais eficiente que o motor alcool. Tudo vai depender também do clima e dos acessórios do ônibus”, destacou.
Se não houver mudanças no cronograma, a renovação da frota de veículos do Eixo Anhanguera deve começar apenas no segundo semestre deste ano, haja vista que a Metrobus e o Governo de Goiás encontraram obstáculos para sua renovação.
O Ministério Público do Estado de Goiás e na sequência o Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) contestaram o formato da contratação da frota e o processo ficou parado por quase seis meses para resposta do Governo de Goiás e da Metrobus.
O imbróglio foi resolvido em outubro do ano passado quando o TCE acatou as respostas e autorizou o andamento do processo. Em janeiro deste ano, a Metrobus finalizou uma das etapas que foi a realização de uma nova consulta pública para realização do pregão.
Ainda não há data para nova licitação, que deverá ocorrer no primeiro bimestre deste ano. Procurada, a Metrobus não respondeu se já há nova data. No Portal da Transparência, disponível no site do órgão, não há registro de nenhum pregão que remeta a 2023.
Em entrevista no fim do ano passado, o presidente da GoiásParcerias, Diego Soares que participou dos estudos e da elaboração da resposta da Metrobus ao TCE mencionou a dificuldade em tocar um pregão desta magnitude. ““Trocar frota não é rápido. A gente acha que de um ano a um ano e meio a gente faz todas as trocas. Após a empresa ganhadora iniciar os trabalhos”, pontuou.