A audiência na Câmara dos Deputados promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias ouviu durante a tarde e parte da noite desta terça-feira (25/06) o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept e um dos principais responsáveis pela divulgação de conversas vazadas entre o então juiz Sérgio Moro e procuradores que atuam na força-tarefa da Operação Lava-Jato. Ele ressaltou que não irá parar de publicar o material que tem em mãos e não se intimida com os ataques que anda recebendo. “Ninguém tem medo do seu partido [PSL]”.

Para reforçar a continuidade das publicações, Glenn tem realizado parcerias com outros veículos de comunicação. Além da parceria que fez com a Folha de São Paulo para trabalhar com o material, ele promete anunciar novos aliados em breve. Também mantém redações trabalhando no material que adquiriu em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. “Nossa redação de jornalistas que são brasileiros estão agora trabalhando com essa reportagem e vai continuar publicando documentos até o final e nem seu partido, nem o governo do Bolsonaro, nem o Sérgio Moro podem fazer nada para impedir isso. Essa reportagem vai ser feita”, destacou.

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Glenn destacou a importância da Constituição em dar liberdade de imprensa ao trabalho jornalístico. Para Greenwald, o trabalho transparente do jornalismo incomoda poderosos e justamente por isso, seu trabalho tem sido atacado. Garantiu também que não tem medo de quem está no poder: “É sempre verdade, em todos os países no mundo democrático que o governo e as pessoas poderosas odeiam o jornalismo é exatamente porque nós levamos transparência para o que eles estão fazendo e exatamente por conta disso que a Constituição garante e protege a liberdade da imprensa e uma imprensa livre contra os ataques que o Sérgio Moro e o partido do governo está tentando fazer, mas como eu disse antes: ninguém tem medo do seu partido.”

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“Publiquei documentos secretos nos Estados Unidos e não estou preso”

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Quando o deputado Capitão Augusto (PL-SP) usou seu tempo de fala, questionou ao jornalista se ele tinha ciência que seria preso caso fizesse reportagens semelhantes nos Estados Unidos “já estaria preso”. Glenn rebateu: “Eu já fiz exatamente o mesmo nos Estados Unidos” e completou dizendo que sempre voltava ao seu país natal para receber prêmios “pelas reportagens que havia feito”. Glenn se referia às reportagens especiais produzidas entre 2013 e 2014 que revelou um escândalo de espionagem na Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA).

Por fim, ressaltou os prêmios que recebeu nas reportagens especiais em que publicou documentos secretos sobre um programa de espionagem da NSA. A série de reportagens recebeu o Prêmio Pulitzer de jornalismo em 2014 e ressaltou que nem por isso deixou de voltar aos Estados Unidos ou tem ameaças de prisão na terra de Donald Trump. “Eu publiquei documentos secretos, milhares dos documentos eram segredos e eu não era preso. Eu recebi todos os prêmios no jornalismo nos Estados Unidos que todos eles tem, porque nos Estados Unidos, exatamente como no Brasil, tem uma Constituição e ela garante e protege a liberdade da imprensa. É muito estranho ouvir alguém falando que ‘se você fizesse isso nos Estados Unidos, estaria preso’. Eu não estou preso, eu estou visitando os Estados Unidos o tempo todo, recebendo prêmios pelo jornalismo que eu fiz exatamente como estou fazendo aqui”, concluiu.

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