O presidente do Diretório Metropolitano do Cidadania, historiador e professor Gilvane Felipe, renunciou ao posto. A insatisfação com a decisão do PSDB de lançar candidato a prefeito em Goiânia em 2024 pela federação com o Cidadania, foi a razão. Presidente dos tucanos, o ex-deputado Hélio de Sousa reitera a disposição do seu partido (leia ao final).
Pelas redes sociais, Gilvane Felipe divulgou a carta de renúncia encaminhada à presidência do Cidadania em Goiás na terça-feira (26). “O motivo é principalmente o meu total ceticismo diante da tática eleitoral até agora declarada pelo PSDB”, escreveu.
Gilvane havia antecipado apoio à pré-candidatura de Adriana Accorsi (PT) à prefeitura de Goiânia em 2024. “A Federação PSDB-Cidadania encontra-se em estado de isolamento e, se não o rompermos, caminharemos para uma derrota acachapante em 2024, o que acentuará ainda mais nosso isolamento político” insistiu.
O caminho desejado por ele envolvia uma aliança de centro-esquerda, apoiando a candidata do PT. “Tal alternativa poderia nos retirar do isolamento e permitir projetar com maior otimismo tanto 2024 como 2026”.
Contudo, seguiu ele, a proposta não teve boa acolhida junto a direção do PSDB. “Como nunca aderi voluntariamente a políticas de gueto, idolacionistas, não me restou outra alternativa senão a renúncia à presidência do Cidadania e à vice-presidência da Federação”, alfinetou.
Procurado nesta quarta-feira (27) para saber seu futuro político, ele reiterou que se mantém filiado ao Cidadania. “Vejo que o partido ainda terá muito futuro após o período da Federação com o PSDB”, comentou ao Diário de Goiás.
O deputado federal do PT, Rubens Otoni, divulgou manifestação de solidariedade a Felipe. Ele fala em coerência do agora ex-dirigente ao defender uma aliança no campo mais democrático.
O direcionamento do Cidadania foi referendado pelo presidente nacional da legenda, Comte Bittencourt. Ele afirmou que o acordo da federação indica que o PSDB terá o poder de decisão sobre candidaturas em 2024 em Goiás.
Nos bastidores, os nomes citados a uma pré-candidatura tucana ao Executivo são os do jornalista e suplente de deputado federal, Matheus Ribeiro, da vereadora Aava Santiago e do ex-vice-prefeito de Goiânia, Valdivino de Oliveira.
À reportagem, o presidente estadual do PSDB, ex-deputado Hélio de Sousa, rebateu os apontamentos feitos por Felipe. “Não estamos isolados. É uma questão de coragem. Os dois partidos (PSDB e Cidadania) correm risco de sumir do mapa se não disputarmos prefeituras no próximo ano, para depois disputar o governo em 2026, com chances”, definiu.
Questionado se o problema era a candidatura de Adriana ser do PT, ele disse que não. “Nem de esquerda, nem de direita. Somos um partido de centro que precisa se colocar nas eleições”, pontuou, dizendo que, portanto, isso vale para o primeiro turno.
Hélio de Souza fez uma análise ampla sobre o passado do PSDB. Nela, buscou justificar que o partido precisa retomar seu protagonismo político.
“Temos consciência do legado para o Brasil e a América Latina. Somos o partido do Plano Real, da quebra das barreiras nas telecomunicações que levou à possibilidade de todos terem um aparelho celular no Brasil. O PSDB esteve à frente da quebra das patentes dos medicamentos. Temos quatro mandatos de Marconi Perillo em Goiás. Ele deixou avanços na saúde, pegando o estado com 7 unidades e entregando com 23. Na infraestrutura duplicou estradas e fez obras de viadutos”, citou.
O presidente do PSDB reiterou ainda que o partido está articulando diretórios no interior e se preparando para o máximo de candidaturas. “A forma de mostrar que podemos voltar ao poder é lançando candidatos”, insistiu. Disse também que já conta com mais de 200 diretórios articulados e que espera a definição de uma candidatura à presidência da República em 2026, acreditando no nome de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.