“Ajaiô”, gritou o cantor e compositor Gilberto Gil neste domingo (26) ao participar do desfile dos Filhos de Gandhy, tradicional afoxé de Salvador.Trajando turbante branco e colares de contas azuis e brancas, Gil desfilou no chão da avenida tocando agogô, como parte da bateria do Gandhy.
Percorreu o trajeto entre a sede do bloco, no Pelourinho, e o Campo Grande, acompanhado pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT). Com suas roupas e turbantes brancos, o bloco é conhecido como o “tapete branco da paz”.
Gilberto Gil foi o homenageado do desfile do Gandhy este ano. Nos anos 1970, ele foi um dos responsáveis pela reabilitação do bloco ao compor a canção “Filhos de Gandhi”. Desde então, ele costuma desfilar no bloco no Carnaval.
O Gandhy é um dos blocos mais antigos de Salvador: foi fundado por estivadores em 1949. Tornou-se o principal afoxé do Carnaval, chegando a desfilar com 15 mil associados.
O desfile é marcado pela tradição dos cânticos de ijexá na língua Iorubá, ritmados pelo toque do agogô. O bloco é restrito para homens e inspirado nos princípios de não violência e paz de Mahatma Gandhi.
Este é o primeiro desfile do Gandhy no Carnaval deste ano, que ainda desfila nesta segunda-feira (27) no circuito Barra-Ondina.PAQUERAAssociados do bloco aproveitaram o desfile para seguir a tradição e trocar colares por beijos.
Os advogados Alan Christi, 30, e Alexandre Cortial, 28, vestiram o tradicional traje com turbante e bata branca. Mas enquanto o bloco iniciava o seu desfile no Pelourinho, eles já estavam nas imediações do Campo Grande, interessados em paquerar.Cortial, que desfilou no Gandhy pela primeira vez, não parecia muito interessado em gritas “ajaiô”, tocar agogô ou borrifar alfazema pela avenida.Diz que conseguiu trocar dois colares por beijos de uma turista paulista: “A intenção aqui é essa”, afirma.
(FOLHAPRESS)
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