A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia será o local para reunião entre representantes de hospitais filantrópicos goianos com diretores da Confederação Brasileira das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), nesta terça-feira (5) para discutirem a recriação da Federação Goiana de Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, e o atual cenário da rede de saúde que enfrenta uma das piores crises de sua história.
As Santas Casas de todo país vem passando por crise financeira. No dia 19 de abril deste ano, as entidades fizeram um protesto a nível nacional, com um dia de paralisação dos atendimentos eletivos com foco de chamar atenção da sociedade e dos gestores de saúde, sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor, colocando o atendimento em ameaça o atendimento à população.
Com 85 anos de fundação, completados em 2021, a Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, que é o maior hospital da rede do SUS do Centro-Oeste, tem recorrido a empréstimos bancários e, consequentemente, aumentado o seu endividamento, para tentar fechar as contas mensais.
De acordo com a superintendente Geral do hospital, Irani Ribeiro de Moura, a Santa Casa recebe do SUS R$ 10,00 por uma consulta médica. “A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia é responsável por mais 70% do atendimento do SUS na capital. Somos o hospital de alta complexidade do município e trabalhamos para oferecer um atendimento de qualidade, pois a população merece ser bem atendida”, ressalta.
Para agravar a situação gerada pela defasagem da tabela do SUS, a Santa Casa de Misericórdia de Goiânia ainda enfrenta o reajuste de medicamentos – teve produto cujo preço saltou de R$ 1,90 para R$ 245,00 na pandemia – e o atraso nos repasses dos pagamentos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O Governo Federal repassa os valores aos municípios 60 dias após a prestação dos serviços, mas, em Goiânia, os repasses ao hospital estão demorando mais de 100 dias.
Segundo Irani Ribeiro de Moura, o hospital está sendo prejudicado por um problema que não é da instituição. “Estamos trabalhando além da nossa capacidade, estamos co-financiando o SUS e isso é uma inversão de valores”, alerta, enfatizando que se não houver políticas imediatas e consistentes e investimentos dos Governos Federal, Estaduais e Municipais nos hospitais filantrópicos, eles dificilmente vão sobreviver, deixando milhões de brasileiros sem assistência.