A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou nesta quarta-feira (20) um requerimento para ouvir esclarecimentos do general do Exército Antonio Hamilton Mourão.
A Folha de S.Paulo mostrou que o secretário de economia e finanças da Força disse em palestra promovida pela maçonaria em Brasília na última sexta-feira (15), que seus “companheiros do Alto Comando do Exército” entendem que uma “intervenção militar” poderá ser adotada se o Judiciário “não solucionar o problema político”, em referência à corrupção de políticos.
Pelo requerimento aprovado nesta quarta (20), a oitiva do general da ativa do Exército não tem caráter obrigatório.
Inicialmente, a ideia de senadores era de convocação, quando o comparecimento não é opcional. Contudo, após um acordo político ficou decidido que seria um convite.
Durante a palestra na semana passada, Mourão disse que uma interferência não deveria ser feita agora, mas que poderá chegar um momento em que os militares terão de impor uma ação militar se o Judiciário não resolver a situação do país.
Após o episódio, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, pediu explicações ao comandante do Exército sobre a fala de um general da ativa. Incomodou o ministro o fato de o comandante da Força, general Eduardo Villas Bôas, não ter feito comentários sobre o caso. Legalmente, cabe a ele decidir o que fazer com Mourão.
Este não é o primeiro caso em que Mourão se envolve em polêmicas por dar declarações políticas sem autorização de seus superiores.
Em 2015, ele chegou a perder o cargo de comandante da região Sul após ter feito duras críticas à classe política e exaltado a “luta patriótica”. Além disso, um quartel sob sua jurisdição prestou uma homenagem ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-Codi, centro de detenção e tortura do regime militar (1964-85). Ustra havia morrido naquele ano. (Folhapress)