Investigado pela Comissão de Ética da Presidência da República, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) chorou nesta terça-feira (22) ao comentar denúncia feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que ele o teria pressionado a produzir um parecer técnico para favorecer seus interesses pessoais.
Geddel falava do pai, o ex-deputado Afrísio Vieira Lima, morto no início deste ano, quando se emocionou durante reunião no Palácio do Planalto com líderes da base governista na Câmara. Ele lembrou que seu jeito “despachado” foi aprendido com o pai.
Os líderes assinaram um documento de desagravo ao ministro e saíram em sua defesa na reunião. Segundo o líder do governo, André Moura (PSC-SE), os líderes da base aliada irão em marcha ao Palácio do Planalto para entregar a carta a Geddel.
“Isso é um absurdo o que aconteceu. Precisa dar piti? Por que a palavra do ex-ministro tem mais força que a de Geddel? É uma conversa natural existente entre políticos. Em qualquer parte do país, político é demandado. O assunto se encerra quando você diz ‘não'”, disse o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), que disputa a presidência da Câmara dos Deputados.
O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), reconheceu que Geddel levou ao governo federal uma questão de interesse pessoal e que não foi uma atitude adequada.
Ele, contudo, classificou o episódio como uma questão pequena, “paroquial”, que não justificaria a demissão do ministro.
“Nós somos todos falíveis. Então, é hora de passar por cima dessa falha e cuidar do que temos de cuidar”, afirmou, justificando que o ministro é essencial para o governo Michel Temer.
“Eu não acho que foi uma atitude adequada, mas temos problemas enormes para resolver no país”, disse Pauderney.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Geddel reconheceu que tratou com o Marcelo Calero de um projeto imobiliário na Bahia, mas negou que o tenha pressionado a produzir um parecer técnico para liberar o empreendimento.
Ele confirmou que, no ano passado, fez uma promessa de compra e venda de uma unidade no condomínio e afirma que, justamente por ter conhecimento do impasse imobiliário, tinha legitimidade para levar a questão ao então ministro da Cultura.
O presidente não pretende, pelo menos por enquanto, demitir Geddel, a não ser que as denúncias contra ele se agravem.
Folhapress