Brasília – Diante da manutenção na Reforma Política das coligações em eleições proporcionais, da criação de uma cláusula de barreira “light” e da resistência do diretório pessebista de Pernambuco, a fusão entre PSB e PPS desacelerou e corre o risco de não se concretizar. O objetivo das duas siglas era juntar forças neste mês, mas o máximo que deve acontecer é uma aliança para as eleições municipais de 2016.
Dirigentes do PSB se deram conta de que o processo de fusão não se daria com a facilidade prevista inicialmente. Pernambuco, liderada pelo governador Paulo Câmara e pelo prefeito do Recife, Geraldo Júlio, questionaram a unificação, mesmo sabendo que a proposta tinha sido aventada inicialmente pelo ex-governador Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo no ano passado. “Estamos considerando as questões de Pernambuco. Há uma série de pendências para serem discutidas antes de dar o próximo passo”, declarou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Assim como Pernambuco, outros diretórios estaduais também demonstraram insatisfação com a proposta, como Maranhão, Bahia e Paraíba. A cúpula refez as contas e concluiu que não tinha 80% dos diretórios apoiando a fusão com o PPS. “Estamos buscando a unanimidade, então acho que vale a pena esperar mais um pouco”, disse o vice-governador de São Paulo, Márcio França.
O congresso do PSB previsto para o dia 20 deste mês e que tinha como objetivo ratificar a fusão deve ser reagendado. “Se adiar o congresso, a fusão não sairá nunca mais”, concluiu um membro do diretório nacional do PSB.
No partido fala-se agora em aprovar uma resolução com o objetivo de garantir uma aliança obrigatória das duas legendas, em todas as cidades nas eleições do ano que vem, e uma atuação em bloco no Congresso Nacional. Enquanto tenta viabilizar a junção das siglas, o PSB deve fazer consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as regras para filiação e desfiliação para casos de fusão, uma das demandas do diretório pernambucano. O PSB quer ter certeza se, no entendimento dos ministros, só a saída de filiados será permitida e não a entrada de novos membros.
Os pessebistas afirmam que a pressa na fusão se dava em virtude da expectativa de fim das coligações proporcionais e do estabelecimento de uma cláusula de barreira mais rígida para os partidos. Com a Reforma Política votada na Câmara, eles acreditam que a fusão “perdeu a emergência”.
Da parte do PPS, a proposta ainda está de pé. “O debate interno no PSB é que caminha para a desaceleração”, afirmou o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP).
A cúpula do PSB vai aproveitar o casamento do filho de França, o deputado estadual Caio França (PSB-SP), no próximo sábado em São Vicente, para fazer um balanço das divergências internas e reavaliar o processo de fusão. “Temos agora de discutir nossos problemas primeiro antes de conversar com o PPS”, disse Siqueira.
(Estadão Conteúdo)