Por Amanda Pupo e Daniel Weterman
Antes mesmo de o interrogatório começar na CPI da Covid, o governador cassado do Rio Wilson Witzel tentou elaborar uma defesa diante dos integrantes da comissão. Ele negou as acusações pelas quais foi retirado do cargo, resultado de um impeachment por corrupção na Saúde durante a pandemia. O ex-governador voltou a dizer que foi alvo de uma perseguição política, e cassado por um “tribunal de exceção”.
Wilson Witzel sugeriu, por exemplo, que seja quebrado o sigilo do seu vice e hoje governador do Rio, Cláudio Castro, aliado da família Bolsonaro. “Cláudio Castro estava em Brasília na véspera de buscas, isso merece quebra de sigilo”, disse Witzel, para quem é necessário investigar quem estaria por “trás” do seu processo de impeachment, apontando para uma “máfia” na área da Saúde.
Witzel afirmou que a CPI deveria aprovar a quebra de sigilo de organizações sociais de saúde do Estado, que administram UPAs e hospitais, para verificar para onde estão indo os recursos públicos. “Eu sai, mas as OS estão lá operando livremente”, disse. “Empresário Edson Torres é criminoso contumaz e está solto”, afirmou Witzel sobre o empresário apontado como operador econômico do escândalo envolvendo desvios de recursos na saúde do Rio.
“Fiz auditoria em organizações sociais, maior máfia no RJ é na saúde. Meu impeachment foi financiado por organizações sociais e alguém recebeu dinheiro. Quem recebeu dinheiro para meu impeachment pode ser do sistema do Judiciário”, disse também o ex-governador, para quem “tudo começou” quando ele determinou uma “investigação imparcial” do caso Marielle. Witzel acrescentou ainda que espera para que o mandante do assassinato, “quem sabe, seja descoberto”.
“A CPI pode deferir sob segredo de justiça, e aqui vai uma sugestão, com o Supremo Tribunal Federal, medidas cautelares de busca e apreensão de celular e documentos para sabermos quem está por trás do meu impeachment”, reforçou ele, afirmando estar com a vida ameaçada. “Corro risco de vida, por causa da máfia da saúde, e tenho certeza que tem miliciano envolvido”, disse Witzel.
Conteúdo/Agência Estadão