Acabou o amor? Ao menos no discurso do Flamengo, a boa relação com o Fluminense continua. A realidade, no entanto, é um clima pesado entre os clubes por conta do imbróglio envolvendo o futuro do Maracanã. Os rivais têm desejos distintos sobre a administração do estádio e a tendência é a de que a temperatura suba cada vez mais em uma disputa que está apenas no início.
O impasse se transformou em novo ingrediente da rivalidade histórica justamente quando Flamengo e Fluminense voltam a decidir o Campeonato Carioca após 26 anos. Conquistar o título virou questão de honra, assim como continuar com participação efetiva no principal palco do futebol brasileiro.
A disputa também abre discussões nas redes sociais e até dirigentes têm se posicionado de forma mais enfática. Com a desistência da parceira GL Events em administrar o estádio, o clube da Gávea defende uma nova licitação e comemora os rumores de que o governador Luiz Fernando Pezão abrirá um novo processo.
A possibilidade é rebatida de forma contundente pelo Fluminense, que acusa o Flamengo de arquitetar um plano para assumir o estádio sozinho e teme internamente ser o único clube sem lugar para jogar no Rio de Janeiro, o que representaria um enfraquecimento político para o presidente Pedro Abad. Atualmente, o Fluminense tem acordo para usar o Giullite Coutinho, estádio do América, mas a solução é apenas um quebra-galho.
O clima nas Laranjeiras é de pressão sobre Abad, que foi cobrado a se posicionar de forma mais firme. Os tricolores temem a movimentação mais “agressiva” do rival, que contaria com a simpatia de procuradores do Estado e gente do Tribunal de Contas favoráveis a um novo processo licitatório.
Como é auditor da Receita Federal, o dirigente não pode se envolver nas discussões com o governo do Estado do Rio de Janeiro. Nesta questão, o Fluminense tem contado com a ajuda de Peter Siemsen, ex-mandatário tricolor. As reuniões que o Flamengo tem mantido de forma individual com integrantes da cúpula do governo assustam e a preferência do Fluminense é por uma compra simples da concessão do Maracanã, já que o Flamengo informou que não faz negócio com a Lagardère.
“O governador certamente tem ouvido as partes. Mas nem sempre a decisão vai ser tomada com base na pressão. Temos visto integrantes da diretoria do Flamengo escrevendo que o clube deveria ter sozinho a gestão. Inclusive, tendo cogitado a mudança do nome, por mais que a gente saiba que ele é tombado. É extremamente preocupante. Esperamos que o Maracanã continue sendo de todos, sem depender do capricho de uma diretoria em ceder o estádio. Por isso, defendemos que uma empresa tome conta, para não haver paixão clubística”, afirmou Pedro Abad.
Pelo lado do Flamengo, o presidente Eduardo Bandeira de Mello sustenta que não há clima de guerra com o clube das Laranjeiras. O dirigente reforçou que o Flamengo não faz negócio com a Largardère e espera que o Fluminense seja um aliado futuro no Maracanã em caso de nova licitação. Apesar das palavras do mandatário, o clima de rompimento entre as partes está no ar, já que as visões são diferentes sobre a administração do estádio.
“Não há rompimento. O Flamengo não quer brigar com ninguém e não existe esse clima de guerra. Entendemos o Fluminense como um potencial parceiro. O Flamengo nunca pensou em ser dono do Maracanã. O clube pensa em ser concessionário ou participante da administração. Se o Fluminense ou qualquer outro clube quiser compartilhar os custos do estádio, ótimo. Qualquer um será bem-vindo. Mas se não quiserem correr riscos, também tudo bem. Pode haver entendimento normalmente”, encerrou Bandeira.