O presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, defendeu nesta terça (12) a votação da reforma da Previdência ainda este ano, embora o governo já avalie deixar a medida para 2018. A entidade iniciou um trabalho de convencimento dos prefeitos do Rio, para que cobrem dos deputados voto pela mudança.
“Se não aprovar agora, temos o risco de viver uma nova década perdida, como nos anos 1980, quando ficamos discutindo reformas que nunca foram feitas, principalmente com relação ao controle da inflação”, disse o economista-chefe da federação, Guilherme Mercês.
Em entrevista, ele apresentou projeções para o crescimento da economia em 2018 com e sem a aprovação da reforma ainda este ano. No primeiro caso, o PIB teria alta de 4%. No segundo, de 3%. Caso o tema não seja debatido nem em 2018, o número pode cair para 2%.
O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, disse que já iniciou contatos com prefeitos fluminenses para obter apoio no processo de convencimento dos parlamentares do Estado. Na sexta (15), será realizada uma reunião com prefeitos para discutir o tema.
O governo tenta votar a reforma entre os dias 18 e 20 deste mês, antes do recesso parlamentar, mas avalia que tem cerca de 270 votos favoráveis, menos do que os 308 necessários e já estuda adiar o debate no Congresso.
“Nós, brasileiros, gostamos de deixar para fazer tudo de última hora. Estou falando com os prefeitos porque eles têm facilidade maior para conversar com os parlamentares”, disse Gouveia Vieira.
Na apresentação, a Firjan estimou um déficit de R$ 166,86 bilhões no orçamento da Seguridade Social, considerando todas as receitas e despesas obrigatórias com aposentadorias, saúde e programas sociais.
O economista-chefe da entidade destacou que a reforma também pode ajudar o Rio, que enfrenta grave crise financeira e gasta o equivalente a 21% de sua receita para cobrir o déficit da Previdência estadual -o que ajuda a elevar a parcela do orçamento destinada a gastos com pessoal a 72%.
A avaliação da entidade é que, mesmo com a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, o estado terá mais dificuldades do que o restante do país para sair da crise, já que há pouca margem de manobra para reduzir custos.
Nesta terça, a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) vota a proposta de orçamento do Estado para 2018, com déficit estimado em R$ 9,2 bilhões, resultado da projeção de receitas de R$ 63,3 bilhões e, do lado das despesas, de R$ 72,5 bilhões.
Os maiores gastos previstos são com o pagamento da folha (R$ 34 bilhões) e co a Previdência (R$ 22 bilhões).
“Tem que atacar (o gasto com) pessoal”, defendeu Mercês, sugerindo uma alíquota previdenciária de 20% para equilibrar o déficit -este ano, o governo conseguiu aprovar o aumento da alíquota de 11% para 14%, mas ainda não pôs em prática porque os salários estão atrasados. (Folhapress)