O ex-senador Demóstenes Torres se filiou nesta segunda-feira (17) ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). O procurador do Ministério Público e ex-parlamentar tenta a retomada dos direitos políticos. O Senado cassou o mandato dele por quebra de decoro parlamentar. Ele foi acusado de usar o mandato para favorecer o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Demóstenes tem direitos políticos suspensos até 2027. Ao Diário de Goiás, Demóstenes explicou que já conversou com alguns senadores e espera apoio político do PTB para que a Casa Legislativa reveja posição e dê a ele o direito de se candidatar a cargos eletivos.
“Eu já conversei com alguns senadores, creio que o PTB também vai me ajudar. Mas este processo pode ter uma conotação mais política do que jurídica, e eu vou aguardar o resultado. Qualquer que seja ele eu tenho um recurso que é o Supremo Tribunal Federal”, declarou Demóstenes Torres.
O presidente estadual do PTB e deputado federal, Jovair Arantes, declarou que o partido dará todo o apoio político a Demóstenes Torres para que tenha os direitos políticos restabelecidos. Jovair declarou que o ex-senador é inocente e que não cometeu ato ilícito.
“O PTB deve e vai ajudar. Independentemente de ser hoje filiado ao PTB, é uma liderança de Goiás que enaltece com o trabalho que ele fez enquanto político no período que pôde militar. Para nós é um importante reforço”, argumentou Jovair.
A retomada de Demóstenes na política se deve a anulação das provas e interceptações feitas pela Polícia Federal durante a operação Monte Carlo, realizada em 2012, que procurou desarticular esquema criminoso de jogos ilegais de azar em Goiás e ainda ao arquivamento do processo no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). O processo foi protocolado no Senado no último dia 11.
“Eu entrei no Senado, espero a decisão favorável, se o Senado não decidir favoravelmente eu vou ao Supremo. A argumentação é que uma prova considera ilícita não gera efeito algum. Inclusive vários senadores questionam na Justiça a ilicitude de várias outras provas. Acho difícil o Senado dizer neste momento ou em qualquer momento que a constituição não deve ser aplicada. A constituição é clara, qualquer tipo de intercepção que é feita por um juiz competente tem supressão de instância e com isso o Supremo Tribunal Federal sepultou esta questão. Espero que o Senado que faz as leis também aplique as leis e a constituição. Mas se não der, tem o Supremo Tribunal para isso”, explicou.
Imagem
Questionado pelo Diário de Goiás sobre a reconstrução da imagem dele perante a sociedade, já que foi cassado por quebra de decoro parlamentar, Demóstenes respondeu que procurou enquanto político prestar um bom serviço à sociedade e que há importantes resultados a serem apresentados à população.
Demóstenes Torres avalia que ao conseguir retomar os direitos políticos terá condições de trabalhar para reconstrução da imagem política perante a sociedade.
“Eu acho que a população já sabe muito bem o que aconteceu. Quem passou no moedor de carne como passei e saiu do outro lado, tem história pra contar e a minha história é boa. O que eu fiz foi 181 projetos de leis, emendas à constituição, combatendo a violência contra a mulher, contra a criança e ao adolescente, criando um divórcio direto, acabando com um velho júri, criando outro tipo. Eu tenho serviço prestado e pretendo mostrar isso à população”, explicou.
Senado ou Câmara?
Nem Demóstenes, nem o presidente do PTB em Goiás quiseram apontar qual cargo a ser disputado pelo ex-parlamentar, se pretende participar das eleições para a Câmara dos Deputados ou até mesmo para o Senado.
Jovair declarou que o assunto será discutido internamente no partido, mas que Demóstenes terá toda a liberdade para trabalhar internamente para viabilizar candidatura para o cargo que ele achar mais conveniente. O presidente do PTB fez uma série de elogios ao ex-senador.
“Ele pode ser candidato ao que entender que deve ser. Nós vamos discutir internamente. Somos um partido que mais se discute, que mais reúne, é um partido orgânico hoje em Goiás. Nós consultamos todos os liderados e todos entendemos a importância do senador Demóstenes para nosso partido. Para nós é um grande ganho e como no futebol que seria a contratação de uma grande camisa 10”, declarou.
Demóstenes Torres declarou que Jovair Arantes deu todas as garantias para que caso retome direitos políticos, possa trabalhar uma candidatura e que posteriormente será discutida a melhor opção.
“Primeiro estou me filiando ao partido para ter liberdade de movimentação política. Posso ser dirigente partidário, posso ocupar cargo público, hoje só não posso ser candidato. E podendo nós vamos discutir com o partido qual a melhor situação. Vou me submeter ao que o partido decidir”, declarou o procurador.
Crise Política
Questionado durante a entrevista coletiva, o ex-senador Demóstenes Torres declarou que o importante neste momento é dar estabilidade político. Ele argumentou que uma saída de Michel Temer da Presidência da República não seria benéfica neste momento para o Brasil. Ele declarou que os políticos serão os responsáveis por colocar fim à crise.
“Ela é intensa e nós precisamos ter como diria Nelson Rodrigues um “espanto político”, está na hora de acabar a crise, quem pode acabar com a crise são os políticos. Infelizmente tentaram denegrir a imagem dos políticos, dizendo que todo político não presta, mas é o político que vai acabar com essa crise. Eu acredito que se nós derrubarmos o presidente Temer, o que vai acontecer? Em seguida entra Rodrigo Maia que deve cair também, depois Eunício Oliveira que deve cair também, chega a ministra Carmem Lúcia para convocar uma eleição indireta para que alguém leve o país até o final do ano que vem e no meio há uma eleição direta”, disse.
Lula
Quanto a condenação em primeira instância do presidente Lula no caso do Tríplex, Demóstenes Torres preferiu não detalhar o assunto, mas voltou a dizer que Lula e a ex-presidente Dilma teriam sido alguns dos responsáveis por movimentar politicamente para que ele fosse cassado.
“Só conheço só o que aconteceu, acompanhando pelos jornais. O presidente Lula tenho certeza que foi um dos que ajudaram a arrancar a minha cabeça. Trabalhou contra. Ele, a presidente Dilma, alguns caciques do Senado. Mas não posso deixar que turbe a minha mente. Para condenação tem que ter prova direta, se não a segunda instância tem que revisar a decisão”, declarou.