O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso minimizou as chances do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais para a presidência.
“Primeiro precisamos ver se é isso mesmo. Pesquisa fora de época não é pesquisa, é projeção no vazio”, disse, em evento em São Paulo nesta segunda-feira (24).
Ele afirma que, se for verdade todas as acusações que estão sendo feitas contra o ex-presidente Lula, seus concorrentes teriam uma forte arma para combatê-lo.
“Isso vira uma arma de campanha e afeta também a reputação. Eu ganhei do Lula duas vezes e não acho que ele seja um bicho papão.”
Questionado se considera que Lula vai murchar nas pesquisas, Fernando Henrique disse que acreditar que os outros é que crescerão.
POPULISMO
O ex-presidente falou também sobre a ameaça de crescimento do populismo no Brasil após a eleição do americano Donald Trump.
Para ele, o populismo americano e o europeu são diferentes do brasileiro. “O nosso sempre foi mais progressista. O de lá é mais fechado. Mas o protecionismo dele, esse é perigoso. É um certo isolacionismo americano.”
Ele disse acreditar que o Brasil deveria tirar proveito de um eventual encolhimento americano para se expandir na região, procurando o México e países que estavam ligados ao Tratado Transpacífico.
REFORMA TRABALHISTA
A jornalistas Fernando Henrique respondeu também sobre o que faria se a reforma trabalhista estivesse em suas mãos.
“Se não tiver a flexibilidade, você não pode nem reduzir a jornada de trabalho. Ela é fixa.” Na opinião do ex-presidente, o mundo contemporâneo não é mais compatível com esse tipo de regra.
“Isso quer dizer que não se deve dar proteção ao trabalhador? Não, tem que dar. Quem está exercendo o poder tem que ter o papel mediador neste processo”, diz.
Sobre a possibilidade de Temer aprovar a reforma da Previdência, Fernando Henrique Cardoso demonstrou ceticismo. “Nenhum presidente consegue tudo o que deseja. Eu não consegui. Mas a gente consegue alguma coisa.”