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Política
| Em 2 anos atrás

Fernando Tibúrcio sobre chapa PT e PSB: “As esquerdas foram contempladas com esta aliança”

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O candidato a vice-governador na chapa petista, Fernando Tibúrcio (PSB) minimiza a falta de outros partidos na coligação da chapa majoritária em Goiás formada por PT, PV e PCdoB – que já formam a federação Brasil da Esperança e o PSB. Em entrevista ao Diário de Goiás ele fala sobre o fracasso (ou não) da frente ampla que poderia fazer palanque ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Goiás.

Fernando avaliou que apesar das esquerdas em Goiás não terem se mobilizado num palanque único ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os debates que precederam as convenções não foram em vão. “Eu não vejo como uma tentativa a construção foi mal sucedida. Ao contrário, acho que a aliança PT, PSB e a própria frente federativa foi uma construção bem sucedida”, pontuou.

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Quanto ao PSDB, o que prevaleceu foi uma orientação nacional”, ressaltou Tibúrcio. Os tucanos chegaram a flertar uma aliança majoritária inusitada em Goiás mas acabou não avançando após resistências em ambos os lados. “No fim das contas, é uma construção de juntar as forças progressistas em torno de um ideal democrático e de combate a essa onda obscurantista que veio com Bolsonaro”, destacou.

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Veja a entrevista na íntegra com o candidato a vice-governador Fernando Tibúrcio:

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DG: Lula e Geraldo Alckimin conseguiram reunir o PT, PSB e mais seis partidos numa frente nacional. Em Goiás, o PT e o PSB estão abraçados com os partidos que já fazem parte da federação Brasil da Esperança. No começo deste processo, o senhor tentou costurar alianças com diversos partidos de esquerda. Falou-se do PSOL ao PSDB. Qual a avaliação que o senhor faz hoje com as convenções já encerradas? A frente ampla em Goiás falhou?

Fernando Tibúrcio: Eu não vejo como uma tentativa ou a construção foi mal-sucedida. Ao contrário, acho que a aliança PT, PSB e a própria frente federativa foi uma construção bem sucedida. Quanto ao PSDB, o que prevaleceu foi uma orientação nacional, mas eu vejo que nós estamos num momento onde a democracia está sob ameaça e muita água vai passar por debaixo da ponta. No sentido de apoios que podem acontecer no primeiro e segundo turno, especialmente. Acho que esse trabalho feito não só em Goiás, mas em nível nacional, não foi um trabalho em vão. No final das contas, é uma construção de juntar as forças progressistas em torno de um ideal democrático e de combate a essa onda obscurantista que veio com Bolsonaro. Eu espero que isso seja apenas uma marola.

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DG: Mas não dava para ter mais forças democráticas nesse projeto, junto com a Federação e o PSB?

Fernando Tibúrcio: Olha, eu vejo que a parte mais representativa das esquerdas foi contemplada dentro dessa aliança e dessa frente que conseguimos formar. Acho natural que o Psol tenha uma orientação mais à esquerda que o próprio PT ou PSB. É natural que cada um tenha suas posições e modulações. Suas linhas de debate são importantes, o que não quer dizer que isso anule um ideal maior que é o da elevação da democracia no Brasil.

DG: Desde o último domingo quando a convenção do PSB foi finalizada já se ventilava nome do senhor na chapa majoritária. Como sua indicação foi construída?

Fernando Tibúrcio: Em nenhum momento costurei isso. Estava fazendo uma retrospectiva, colocando a cabeça no travesseiro, pensando, lembrando em como se sucederam esses fatos até chegar nessa vice-candidatura a Governador. Desde o ano passado, eu e o dr. Cristiano Zanin, o advogado do presidente Lula, nós temos discutido muito o risco da democracia no Brasil e decidimos promover algumas conversas com pessoas que representavam as tendências progressistas no Brasil. Fizemos uma conversa com o senador Aloysio Nunes e o presidente Lula. Uma conversa que durou mais de três horas. E vimos o quanto existe uma similaridade de pensamento e sobretudo centrado nesse ideal na preservação da democracia. Fizemos várias reuniões com representantes do agronegócio com o presidente Lula. Várias reuniões que eu poderia dizer que foram temáticas. E eu me senti motivado a sair de uma zona de conforto como cidadão. A gente vê os povos indígenas sendo tratados de uma forma tão absurda como se não fossem nem brasileiros. Recentemente, uma menina de onze, doze anos sendo literalmente ameaçada pelo Estado brasileiro. Isso causa indignação e eu não posso me omitir e assumir numa postura mais ativa. Acho que naturalmente, veio dai o convite. Nos últimos dias o deputado Elias Vaz e o ex-governador José Eliton que foram peças chaves nessa construção da aliança PSB e PT fizeram o convite e reforçaram as especulações e daí nasceu algo formal por assim dizer.

DG: E como o senhor e o grupo do PSB podem ajudar os planos do PT e o do candidato ao governo, Wolmir Amado em conseguir mais votos e levar a eleição para o segundo turno?

Fernando Tibúrcio: Acho que assim como no plano nacional. Podemos traçar um paralelo com o governador Geraldo Alckmin, nós podemos em Goiás ampliar o leque com setores que tem um pouco mais de resistência com a esquerda e buscar a construção de um debate. Como eu digo: hoje o que se tem em mente é a construção da democracia. É por isso que a Fiesp assinou a carta democrática. O empresariado está fechado nessa questão de que não pode haver uma ruptura democrática. Que isso é ruim para um ambiente de negócios. É por isso que há muitos empresários representativos no setor produtivo brasileiro assinando essa carta democrática. Podemos contribuir com isso, com a ampliação do debate e acessando setores que antes poderiam oferecer alguma resistência para abrir conversações.

DG: A federação já sentou para falar sobre o plano de governo? Como será a plataforma de campanha?

Fernando Tibúrcio: Tudo já está bem traçado tanto da parte da federação como do PSB. Ontem tivemos uma reunião do conselho político onde essas questões vão ser colocadas dentro de uma formalização, e sim, tudo isso que te falei está dentro desse contexto de colocar posições, diferenças, dentro de uma construção que seja pelo bem do Estado.

DG: O candidato Wolmir Amado começou muito bem nas pesquisas. Até a frente do representante do presidente Jair Bolsonaro em Goiás, mas andou dando uma desidratada ao longo do processo pré-eleitoral. Qual deverá ser a estratégia para recuperar a intenção de voto do eleitorado goiano?

Fernando Tibúrcio: Acho que essa indefinição a respeito da construção da aliança acabou fazendo que a campanha não fosse as ruas mais cedo. Mas eu vejo que o governador Wolmir Amado há bastante tempo é qualificadissimo, é uma pessoa que pode contribuir com Goiás, tem ideias avançadas. Foi um bom gestor na PUC Goiás. Então, eu vejo com uma campanha que vai crescer muito. Vai crescer em intenção de voto. Vai ter no horário eleitoral uma exposição e sua mensagem vai chegar aos quatro cantos de Goiás.

DG: E como deverá ser utilizado o tempo de TV? Se você fosse o estrategista da campanha, o que faria?

Fernando Tibúrcio: Eu vejo que na medida em que se consiga transmitir a mensagem que o professor Wolmir, o presidente Lula e o governador Geraldo Alckimin, vamos conseguir que essa mensagem chegue além. Vamos conseguir fazer com que a mensagem chegue aqui pelo próprio reflexo do que está acontecendo no Brasil hoje. Quando as pessoas vão ao supermercado elas se lembram de um passado melhor. No passado, as pessoas tinham um melhor poder de compra. Hoje, o litro de leite custava três reais no inicio do governo Bolsonaro custa três vezes mais. Tem pessoas que estão comprando soro de leite. Há pessoas que fazem essa identificação. As pessoas que votam no Lula e que poderão votar no governador Wolmir Amado vão crescer mais.

DG: No começo do processo eleitoral, o PSB chegou a sondar a filiação do ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha que mantinha um discurso mais moderado ao centro e de apoio à “terceira via”. No fim do processo eleitoral, ele acabou vestindo a camiseta bolsonarista. Como você vê essa guinada dada? Hoje ele poderia estar somando forças no PSB e ajudando a centro-esquerda a ter mais competividade?

Fernando Tibúrcio: Eu acho que é um erro tremendo que ele cometeu. Acho que particularmente se me perguntassem um ano atrás, eu veria o candidato Gustavo Mendanha que pudesse integrar uma frente progressista. Quem hoje se alinhar ao Bolsonaro vai ser cobrado no eleitor no futuro, como já estão sendo cobrados alguns que se alinharam em 2018. Com uma diferença: hoje, o desapego anti-democrático de Bolsonaro foram comprovadas como por exemplo, a gestão da pandemia, as ameaças constantes de golpes. Essas campanhas a medida que se aproximam do Bolsonarismo vão criar um grande problema pros candidatos. O eleitor vai fazer essa diferença. Quem estiver fora disso, na contra-mão da história e vai ser cobrado no futuro.

DG: No começo da pré-campanha o PSB chegou a lançar a pré-candidatura de José Eliton que a retirou após impasses com o próprio PT. Acha que ficou alguma mágoa ou ressentimento durante o processo?

Fernando Tibúrcio: O governador José Eliton está totalmente comprometido desse projeto. O fato de eu estar na chapa majoriaráia é um exemplo disso. Ontem tivemos uma conversa informal e o professor Wolmir fez uma visita ao José Eliton. Tivemos uma conversa alinhadissima. O ex-governador José Eliton tem muito a somar e foi fundamental na consolidação desse projeto, assim como o deputado federal Elias Vaz.

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.