Publicidade
Política
| Em 2 anos atrás

Fernando Tibúrcio pede mais pragmatismo de entidades do agronegócio em relação a Lula

Compartilhar

Em entrevista ao Diário de Goiás, o advogado Fernando Tibúrcio (PSB), que foi candidato a vice-governador de Goiás na chapa de Wolmir Amado (PT) e participou da criação do movimento Agro pela Democracia, pediu mais pragmatismo e menos ideologia de entidades que representam produtores rurais em relação ao futuro governo do presidente eleito Lula (PT).

“É incrível como certas pessoas se permitiram embarcar no discurso ideológico. Veja o caso da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, a Faeg. O seu presidente [José Mário Schreiner] foi convidado a participar da reunião, junto de lideranças empresariais, com o então candidato a vice-presidente do Brasil, agora eleito, Geraldo Alckmin, por ocasião da visita que fez a Goiânia. Preferiu postar um tuíte dizendo ‘que não se sentaria com o candidato da esquerda”, disse.

Publicidade

“Acabou fazendo a entidade perder uma ótima oportunidade de levar reivindicações importantes para o agronegócio de Goiás. Felizmente, ontem, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, a CNA, colocou o trem de volta nos trilhos e soltou uma nota enaltecendo a democracia. A Faeg, por sua vez, não corrigiu o erro histórico de ter declarado apoio a um dos candidatos”, acrescentou.

Publicidade

Tibúrcio afirmou que fica se “perguntando se a estratégia que alguns adotaram de ideologizar uma atuação, que deveria ser basicamente centrada no pragmatismo institucional, não acabou ajudando a criar um ambiente político desfavorável, a ponto de dar mais conforto para o governador Ronaldo Caiado anunciar hoje um pacote específico para o agro, taxando operações internas e externas”.

Publicidade

Segundo o advogado, essa foi uma das razões pela qual decidiu participar do movimento Agro pela Democracia, diante do descontentamento com a representação institucional de algumas lideranças do setor. “Tem muita coisa séria para ser discutida que não cabe no discurso ideológico.”

Com experiência em assuntos internacionais, Tibúrcio chama a atenção para o possível boicote às exportações de parte da soja do Cerrado, uma das pautas da COP27, a conferência sobre meio ambiente realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorre entre os dias 6 e 19 de novembro, no Egito.

Publicidade

LEIA TAMBÉM: Tibúrcio avalia participação de Lula na COP27 como uma oportunidade para o agronegócio goiano

“Ali vai ser discutida uma proposta antecipando de 2030 para 2025 a meta de desmatamento zero no Cerrado. A partir de janeiro de 2026 poderiam ser impostas restrições à compra de grãos provenientes de áreas do cerrado com problemas ambientais. Coisa muito séria. Como os canais de comunicação se encontravam até então fechados, por conta dessa pegada ideológica, o assunto andou nas instâncias internacionais sem que o agronegócio brasileiro e o nosso próprio governo tivessem sido ouvidos”, declarou.

“Mas quando o discurso ideológico ultrapassa todos os limites do razoável, aí a coisa se complica. Fiquei perplexo com algumas coisas que vi e ouvi aqui em Goiás nos últimos dias. Ontem, o prefeito de Iporá propôs eliminar Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Na semana passada, um deputado estadual se porta como um Roberto Jefferson de chapéu. Um outro prefeito, o de Nova Veneza, convoca, num áudio que circulou no WhatsApp, apoiadores para fechar uma rodovia estadual”, complementou.

Na sua avaliação, os bloqueios de rodovias geram desabastecimento, atrapalham o fluxo da produção rural, dificultam a chegada de insumos hospitalares e prejudica a população dos municípios e dos estados. “Onde está a lógica disso?”, questionou.

O advogado pontuou, ainda, que as certas declarações podem ser enquadradas como crime contra as instituições democráticas. “O caso do prefeito de Iporá, por exemplo, caracteriza, ao meu ver, a partir da em tese grave ameaça que foi feita na sua reprovável fala, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, um crime cuja pena varia de quatro a oito anos de reclusão.”

“O que sei é que não dá mais para ver gente correndo pelas ruas de revólver na mão, granadas sendo lançadas na polícia, adultos brincando de Forte Apache. O Brasil precisa retomar o caminho da razão”, finalizou Tibúrcio.

Publicidade