O advento das federações deve causar uma forte migração entre potenciais candidatos e líderes políticos em Goiás nos próximos meses. Seja por divergência ideológica, rixas ou mesmo conflitos de interesse, os partidos com maior capilaridade no estado devem ser os mais afetados.
As federações permitem que as legendas se agrupem num bloco, desde que nos níveis municipal, estadual e federal, por pelo menos quatro anos. Há discussões, por exemplo, para construção de uma federação de esquerda, capitaneada pelo PT, e outras envolvendo União Brasil, MDB e PSDB. O Podemos, de Sergio Moro, também poderia se alinhar ao União Brasil. Os tucanos também dialogam com o Cidadania.
No contexto nacional, as federações podem fazer sentido, segundo o cientista político Guilherme Carvalho, mas esbarram nas lideranças locais. “O que impacta, de fato, a vida partidária são os temas subnacionais. As relações políticas dentro de estados e municípios é que, de fato, vão contar para a dinamitação do modelo de federações”, avalia.
Por isso, na avaliação dele, deve haver muitas trocas de sigla. “O impacto maior, na minha visão, são as migrações partidárias, que tendem a se avolumar. O Podemos é uma grande incógnita. Não sabemos como ele vai operar a nível nacional, levando em conta a agenda em torno do Moro. O Podemos, em Aparecida, é onde está o vice de Gustavo Mendanha, que pode ir para o partido de Jair Bolsonaro. Não vai haver uma federação entre PL e Podemos, mas pode haver uma federação entre Podemos e União Brasil. O cenário está muito bagunçado. Por ora, o que a gente consegue precificar é que partidos robustos vão perder capilaridade no estado. Não dá para dar nomes. Vai depender dos movimentos nacionais, mas vai mexer no tabuleiro”, destaca.
Carvalho cita que algumas das discussões teriam impacto forte no estado. “O Cidadania e o PSDB, a nível local, impactaria na saída do vice-governador (Lincoln Tejota, do partido), que hoje caminha ao lado do governador, mesmo que não vá concorrer à eleição”, afirma.
Crítico das federações por considerar que elas atrapalham o processo de redução de partidos, o cientista político espera uma grande movimentação de políticos em busca de novas siglas no mês que vem.
“Por acordos estarem sendo estabelecidos pensando nos temas nacionais, muito provavelmente a partir de março vamos começar a assistir um fluxo de migrações partidárias maior. Certas figuras são incompatíveis de andarem juntas por disputarem a mesma base ou mesmo cargo, por terem bandeiras diferentes ou serem adversários”, destacou.
O Supremo Tribunal Federal (STF) valido, nesta quarta-feira (9), por 10 votos a 1, a lei que prevê as federações partidárias nas eleições. Atendendo a um pedido do PT, por 6 votos a 4, os ministros também estenderam o prazo até 31 de maio para formação das uniões.
Ficou definido que, nas próximas eleições, o prazo seguirá o que rege a lei, com a definição devendo se dar no mínimo seis meses antes do pleito.