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Política
| Em 3 anos atrás

Federação entre União Brasil e PSDB tem “zero chance” de acontecer, afirmam lideranças

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Se depender do deputado federal Delegado Waldir Soares (União Brasil-GO) a possibilidade de seu partido firmar uma federação junto com o PSDB é inexistente. A hipótese começou a ser ventilada nos últimos dias, mas vem perdendo força à medida que lideranças partidárias demonstram resistência com a ideia. Na verdade, existem diálogos, mas nenhum martelo batido. (Com) O PSDB é zero. Com o MDB existe um diálogo, mas não quer dizer que vai existir federação. Para ter federação, temos que ver o que o União Brasil ganha com isso. Aqui em Goiás seria bom, mas existem perdas em 90% dos estados nas chapas para deputados federais”, avaliou ao Diário de Goiás.

De acordo com Delegado Waldir a avaliação é a mesma que o presidente do partido, Luciano Bivar. “Já conversei com o Bivar. O que existe é um diálogo para coligação majoritária, escolha dos partidos do centro a um único candidato. Isso está sendo construído e não será decidido hoje. Existem convergências, mas não para federação”, pontua.

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A possibilidade de federação entre União Brasil e PSDB é muito sensível em Goiás, haja vista que o governador Ronaldo Caiado (UB) e o ex-governador Marconi Perillo haja vista a histórica rivalidade entre ambos, apesar do tucano não confirmar em qual cargo vai se candidatar nas eleições. “O próprio Caiado diz que não dá para misturar água e óleo e eles são como água e óleo. Não se misturam. Pelo que conheço do nosso governador, ele jamais iria para uma decisão dessas por motivos políticos”, pondera ao Diário de Goiás o deputado federal Zacharias Calil que pretende pavimentar a candidatura ao Senado Federal.

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Dificuldade em federação até com o MDB

Se em Goiás, o MDB e União Brasil já caminham juntos, o mesmo não acontece em outros lugares do país e como a decisão da federação vale para todos os entes federativos, uma decisão nesse sentido fica um pouco mais complicada. “Eu acho difícil. O União Brasil pode formar coligação numa majoritária para presidente. Aí pode ser com MDB, PSDB, vários partidos. Todos os candidatos. O União Brasil hoje pode indicar desde o vice do Lula ao vice do Bolsonaro. Essa janela está aberta de todos os lados. Todos os candidatos querem o União Brasil na chapa, pelo tempo de TV e estrutura. Pelo diálogo que vejo da nacional, a prioridade é a chapa de deputado federal, estaduais, senadores.”

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Zacharias também fica reticente com relação a possibilidade da federação mesmo com o MDB. “E a federação é como um casamento por pelo menos quatro anos. Tem que manter uma postura que for acertado. Eu vejo com muita preocupação. Quando você tem um grupo heterogêneo com várias posições, eu acho que isso não dá certo. Cada um pensa de um jeito, de uma maneira”, destaca As posições políticas são muito diversas”, destaca. Além do mais, pondera Calil, MDB e União Brasil já cravaram aliança para as eleições 2022 em Goiás. “Se o MDB e o União Brasil já estão juntos em Goiás, nem precisa de federação. Quanto a isso, saimos na frente. Já caminhamos juntos, está tudo certo”, pontuou Calil.

Juntos na ideologia, rivais entre eles próprios

Se partidos como MDB, União Brasil e PSDB caminham juntos em muitos aspectos ideológicos, o mesmo não acontece com os personagens que conduzem essas legendas e o eleitor ainda tem um comportamento de voto bastante personalista. Nas urnas, por exemplo, um eleitor pode votar em Lula, mas ter ojeriza ao PT ou mesmo dar um voto num candidato do PSDB sem nunca ter votado em Marconi Perillo. Esse cenário não favorece as federações partidárias.

A avaliação é do professor e historiador Cristian de Paula. “A nível nacional o que conta mais é a ideologia do partido porque isso é vinculado com a história e as experiências nacionais. Então você tem partidos do campo conservador e progressista e isso faz um certo sentido. O mesmo acontece nos estados. Nos estados, a política a nível local o indivíduo conta muito mais que o partido. A nível local, o nome e a história pessoal do político fica mais evidente do que o partido. Aos poucos isso está mudando”, pondera.

Daí a dificuldade homérica em formalizar uma federação de partidos entre União Brasil, PSDB e MDB, afinal de contas, como imaginar Marconi Perillo, Ronaldo Caiado e Daniel Vilela juntos no mesmo palanque? “São de partidos que teoricamente podem atuar no mesmo campo político, mas você tem lideranças dentro desses partidos que tem um histórico de oposição entre eles o que torna uma aliança muito difícil, principalmente aqui em Goiás. Temos aqui posições muito fortes entre o Ronaldo Caiado e o Marconi Perillo, especificamente. Uma aliança entre o PSDB e o MDB pode ser localmente ruim. As lideranças políticas desses partidos têm um histórico de oposição entre eles”, destaca.

Intenção do MDB, PSDB e União Brasil é esvaziar o ‘centrão’ 

Desconsiderando o cenário local e mirando na Câmara dos Deputados, uma aliança federativa entre MDB, PSDB e União Brasil poderia se tornar um sucesso entre os parlamentares, desbancando hoje o bloco que hoje toca o ‘centrão’ de Brasília, capitaneado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). “É a intenção de partidos como o União Brasil, MDB e PSDB de esvaziarem o poder do centrão de negociar no varejo com um deputado aqui outro acolá e formalizar uma estrutura de liderança que atue pelo menos dentro de um mesmo posicionamento sob pena de exclusão dos quadros desses políticos”, explica. 

O problema não é com as eleições de 2022, mas sim com o que virá depois. “Acho que as federações partidárias podem ser úteis mas são a curto prazo. Até o ano que vem. Do ano que vem em diante elas passam a ser um problema. Muita gente visualiza dessa forma e por isso, esses impasses”, destaca. “Se o MDB se junta com o União Brasil e faria todo o sentido se pensar nos interesses a nível das Assembleias e da Câmara dos Deputados e das pretensões de Ronaldo Caiado e de Ronaldo Vilela e de outros integrantes do partido de fora do estado, até que faz sentido. E faz sentido de se tornar uma frente parlamentar muito ampla que pode obstruir o poder do Arthur Lira e dos líderes do centrão. Isso foi muito bem pensado, principalmente por políticos como Renan Calheiros, mas como as eleições municipais chegam aí você não tem mais amigo e cada um vai tomar o seu rumo e a coisa vai apertar de forma significativa.”

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.