O Ministério da Saúde (MS) apura caso de bebê nascido com anomalias congênitas no Acre. A pasta associa a condição do recém-nascido, que morreu aos 47 dias de vida, à transmissão vertical de Febre Oropouche, passada da mãe para o filho.
De acordo com a Saúde, a mãe apresentou sintomas característicos da doença durante a gestação, no segundo mês de gravidez. Ela teve febre e erupções cutâneas. Exames laboratoriais feitos no pós-parto acusaram resultado positivo para o vírus Oropouche.
Em comunicado divulgado na última quinta-feira (8), o Ministério da Saúde informou que há indícios clínicos que comprovam a relação da infecção com a condição do bebê. “Exames realizados nos laboratórios do Instituto Evandro Chagas, em Belém, apontaram a existência de material genético do vírus em diferentes tecidos do bebê, que nasceu com microcefalia, malformação das articulações e outras anomalias congênitas. A análise também descartou outras hipóteses diagnósticas”, destacou.
A correlação direta da contaminação vertical por febre do Oropouche com as anomalias, segundo a pasta, ainda precisa de “investigação mais aprofundada” que vem sendo acompanhada pelo governo federal e pela Secretaria de Saúde do Acre. “Pelo ineditismo dos recentes registros de casos de transmissão vertical de Oropouche, o Ministério da Saúde promoverá seminário científico nacional sobre o tema na próxima semana”, acrescentou.
Como medida, o Ministério emitiu uma nota técnica atualizada sobre a doença, que será enviada aos estados e municípios com orientações relacionadas à metodologia de análise laboratorial, vigilância e assistência em saúde. O documento estabelece, ainda, condutas recomendadas para gestantes e recém-nascidos com sintomas compatíveis com infecção pelo vírus Oropouche.
A nota também tem objetivo de recomendar medidas de proteção para evitar ou reduzir a exposição a picadas dos insetos e alerta a população para os sintomas típicos. “Em caso de sinais e sintomas compatíveis com arboviroses, como febre de início súbito, dor de cabeça, dor muscular, dor articular, tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos, procure atendimento em uma unidade de saúde e informe ao profissional de saúde responsável pelo acompanhamento pré-natal”, detalha o MS.
A febre do Oropouche é uma doença transmitida pelo Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Por conta da predileção do mosquito por materiais orgânicos, a recomendação é que a população mantenha quintais limpos, evitando o acúmulo de folhas e lixo orgânico doméstico, além de usar de roupas compridas e sapatos fechados em locais com muitos insetos.
Conforme relatório do Ministério, este ano, até o dia 6 de agosto, foram registrados 7.497 casos de febre do Oropouche em 23 estados brasileiros, com duas mortes confirmadas na Bahia e uma em investigação em Santa Catarina. A maior parte dos casos foi identificada na região Norte do país.
Com informações da Agência Brasil