Duas famílias do município de Inhumas vivem o que definem como um pesadelo ao descobrirem que, após três anos de nascidos, tiveram seus bebês trocados após o parto no Hospital da Mulher (ou Hospital São Sebastião de Inhumas). Exames ainda vão confirmar se as crianças são mesmo filhas dos dois casais, mas já está confirmado que cada um está com uma criança que não é filha biológica deles.
O caso é investigado pela Polícia Civil, sob sigilo. A Delegacia de Inhumas (16ª DRP) informou que investiga possível crime previsto no artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente: deixar o médico de identificar corretamente o neonato e a parturiente por ocasião do parto. Testemunhas foram ouvidas e realizadas diligências.
A história só foi descoberta durante o processo de divórcio de um dos dois casais, quando o marido, Cláudio Alves, pediu exame de paternidade do filho. Indignada com a desconfiança, a então esposa, Yasmin Kessia da Silva, decidiu que o exame de DNA tinha que envolver os dois, já que tinha certeza da paternidade. O resultado deu negativo para ambos.
As crianças nasceram durante a pandemia, no dia 15 de outubro de 2021, com a diferença de 14 minutos: às 7h35 e às 7h49, de acordo com as famílias. O drama foi detalhado por mães e pais em entrevista coletiva nesta quinta-feira (5).
Em nota (ao final), a administração do Hospital da Mulher de Inhumas informou que está oferecendo todas as informações e documentos necessários para investigação e que tem todo interesse em esclarecer os fatos.
Na entrevista, Yasmin contou, muito emocionada, que o exame foi realizado no dia 31 de outubro de 2024 e o laboratório pediu uma contraprova. “Eles disseram que o sangue do meu filho não era compatível com o meu. Eu pensei que era um erro. Mas veio a contraprova”, explicou.
Ela então foi até o hospital que admitiu a possibilidade de erro. Em seguida a mulher começou a agir para buscar a outra família que poderia estar com seu filho.
Yasmin se recordou de uma mulher dando à luz a um menino no mesmo dia em que ela quase no mesmo horário. Ela não conhecia os pais, mas lembrou que a parturiente era casada com um professor muito conhecido em Inhumas. Yasmin então pediu ajuda a um pastor que a ajudou a localizar Guilherme Luiz de Souza e a esposa, Isamara Cristina Mendanha. Alertado, o casal também fez exame de paternidade que igualmente deu negativo para a criança que eles criaram como filho biológico.
Falta às duas famílias, agora, ter certeza de que os filhos biológicos estão trocados com elas mesmas. Cláudio afirmou na entrevista que ainda não foi feita a comprovação da paternidade dos pais biológicos porque é preciso uma autorização judicial.
“É um choque muito grande. Não tenho estrutura psicológica para isso. Somos uma família só. A gente só quer paz. Nesse momento de tanta tristeza e dor que estamos vivendo, o que a gente quer é uma solução”, afirmou.
O advogado de Claudio, Kuniyoshi Watanabe, disse, ao portal G1, que as famílias não mencionaram se irão fazer uma troca após os exames confirmarem as paternidades. “Um Juiz irá determinar isso lá não fim do processo. Acredito que vão acabar tendo dois pais e duas mães”, acredita.
Diante de várias emissoras de televisão que buscavam informações sobre o episódio dramático, Cláudio chamou a situação de pesadelo. Durante os depoimentos, os casais deixaram claro que não sentem desejo de fazer a troca das crianças cujas mães amamentaram e que foram criadas todo esse tempo com as famílias trocadas.
Todos destacaram que estão vivendo momentos muito traumáticos com o ocorrido. A questão é tão delicada, que um dos meninos foi batizado com o nome do pai e o outro com o nome do avô de famílias que não são consanguíneas deles, apesar do amor declarado por todos.
Além de terem de preservar as duas crianças, hoje com três anos de idade, um dos casais ainda tem outro filho de 7 anos e os familiares, avós, tios, estão todos consternados com a situação vivida e com os desdobramentos que ainda virão.
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O Hospital São Sebastião de Inhumas Ltda, informa que recentemente tomou conhecimento de uma situação envolvendo uma suposta troca de bebês ocorrida em sua maternidade há cerca de três anos. Assim que os fatos foram trazidos ao conhecimento da instituição pelos próprios familiares, medidas imediatas foram adotadas para garantir a apuração completa e transparente do ocorrido.
O hospital voluntariamente oficiou a Polícia Civil, oferecendo todas as informações e documentos necessários para que as investigações sejam conduzidas com rigor e imparcialidade. A instituição reitera que está colaborando ativamente com as autoridades e que tem todo o interesse em esclarecer os fatos e identificar qualquer eventual responsabilidade.
Por se tratar de um caso sensível e que envolve dados sigilosos, o processo de investigação está sendo conduzido em conformidade com a lei, resguardando a privacidade e o direito das famílias envolvidas. Nesse sentido, o hospital pede a compreensão da sociedade e da imprensa, reforçando o compromisso com a ética, a segurança e a transparência.
O Hospital São Sebastião de lnhumas reafirma o seu empenho em revisar e aprimorar continuamente seus protocolos de segurança, garantindo a qualidade e a confiança em seus serviços, tendo total interesse nas investigações realizadas.
Informa ainda que existe uma sindicância interna para apurar eventual erro ocorrido e seus responsáveis.
Ainda, por se tratar de um caso sensível que envolve menores de idade, bem como dados protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o hospital está legalmente impedido de fornecer informações detalhadas à imprensa neste momento.
Agradecemos a compreensão e reforçamos que todas as ações estão sendo conduzidas com o máximo respeito à privacidade das famílias e à legislação vigente.