À medida em que Neymar mantém conversas para trocar o Barcelona pelo Paris Saint-Germain, surgem dúvidas se o clube francês poderá finalizar a operação sem descumprir as regras do fair play financeiro impostas pela Uefa: é nelas que os catalães se apoiam para mostrar confiança na permanência, e elas também são vistas como um obstáculo pelo estafe do jogador.
De acordo com a legislação da entidade que comanda o futebol europeu, um clube só pode gastar com futebol na temporada até 5% a mais do que faturar em receitas do futebol. Esse número pode ser ampliado para, no máximo, até 30% além do do total de receitas, isso se os donos do clube injetarem os valores correspondentes a esse excedente para tampar o prejuízo.
A receita anual do PSG gira em torno de 500 milhões de euros (520 milhões de euros na última temporada, 480 milhões de euros na penúltima). Pelas regras do fair play, o clube pode gastar na temporada até 5% mais do que isso -algo em torno de 520 milhões a 550 milhões de euros, incluídos entre essas despesas todos os gastos com o time, contratações, salários, luvas, premiações e outros. Com um aporte dos donos, esse número poderia aumentar para cerca de 650 milhões de euros, no máximo.
Sem a injeção de capital, a multa rescisória de 222 milhões de euros de Neymar, sozinha, é quase metade do que os franceses, em tese, poderiam gastar na temporada; mesmo com os donos do clube cobrindo o buraco, ela equivaleria a um terço do orçamento total para o futebol do PSG. A isso ainda se se somam impostos, eventuais luvas e os salários de um ano pagos a Neymar.
Descontados todos os custos da “operação Neymar”, o PSG teria que, com o que restasse, arcar com todos os salários de seu elenco recheado de estrelas como Cavani, Di Maria, Thiago Silva e Verratti, além de outras novas contratações: os parisienses negociam com Alexis Sanchez, do Arsenal, em um negócio que pode chegar a 50 mihões de euros, além de altos salários.
Para contratar Neymar, o PSG não precisa só de dinheiro, mas também de um encaixe financeiro que não acarrete no descumprimento das regras da Uefa. Isso poderia passar por um aumento de receitas, ou por um formato de negócio onde o clube não seja quem paga a multa rescisória do reforço.
O PSG já foi punido por descumprir as regras em 2014, e foi obrigado a reduzir gastos com transferências e salários, teve redução no número de inscritos na Liga dos Campeões e precisou abrir mão de parte da premiação na competição europeia.