De acordo com o Estadão, alimento iria para funcionários da Funai e comunidades indígenas. (Foto: reprodução)
Um reportagem divulgada pelo Estadão neste domingo (14) afirma que a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) adquiriu, entre 2020 e 2022, 19 toneladas de carne para indígenas que seriam incluídas em cestas básicas destinadas ao Vale do Javari, no Alto Solimões, no Amazonas, mas que alimento nunca foi entregue.
Conforme denúncia a reportagem, não havia nem mesmo locais apropriados para armazenar a carne – bistecas suínas congelada – caso fossem entregues. A intenção inicial seria dividir os alimentos entre os funcionários da Funai e os indígenas, mas lideranças locais afirmam que nunca receberam a comida.
Outro fator estranho é que, mesmo que a carne para indígenas tivesse chegado e houvesse local para o armazenamento, só havia 32 servidores na região e os povos originários também são formados por poucas pessoas. Ou seja, não haveria forma de comer tanta bisteca suína em tão pouco tempo.
A matéria do Estadão apurou, ainda, que um comerciante responsável por enviar a carne confirmou o desaparecimento do produto e a funcionária da Funai que assinou o contrato de compra admitiu o desperdício de dinheiro público, mas garantiu que apenas seguiu ordens. Além disso, ainda foi constatado que alimentos chegavam em condições inadequadas para consumo, mas eram entregues da mesma forma.
Por fim, além de todo esquema que já é suspeito, metade das compras de alimentos para terras indígenas em todo o país, cerca de 5.500, também foram feitas sem licitação, utilizando a justificativa da pandemia de Covid-19 e, mesmo assim não houve comprovação de entrega completa das cestas básicas.
Vale lembrar que o Vale do Javari é uma das regiões mais isoladas do mundo, abriga um grande número de povos indígenas com línguas e tradições desconhecidas e foi território onde o indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips foram assassinados há quase um ano, em junho de 2022.
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