Um ex-diretor regional da empreiteira OAS que é réu na Lava Jato disse em depoimento ao juiz Sergio Moro que o apartamento tríplex em Guarujá (SP) investigado na operação estava “reservado” pela construtora ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Roberto Moreira Ferreira, que trabalhou na empresa até o início do ano, era o diretor responsável na empreiteira pelas benfeitorias feitas na unidade. Para o Ministério Público Federal, esses gastos representam propina paga a favor do petista.
Ferreira prestou depoimento na manhã desta quinta (4), em Curitiba, na condição de réu em processo em que Lula também é acusado.
Ele se disse inocente e afirmou que providenciou melhorias na unidade, que somaram R$ 1,1 milhão, por ordem de um superior na empresa, Fabio Yonamine.
A determinação, contou, ocorreu após uma visita de Lula ao apartamento quando o então presidente da OAS, Léo Pinheiro, também foi ao local, em 2014. Contou ainda que meses depois também esteve no imóvel em uma ocasião em que a ex-primeira-dama Marisa Letícia foi ao prédio junto com um filho de Lula.
Entre as melhorias, estavam mudanças em uma escada, a colocação de piso, um reparo na piscina da cobertura e a instalação de uma churrasqueira.
“Veio para mim através do Fábio. Creio que foi um pedido do doutor Léo para ele. E ele repassou.”
Ferreira disse que soube por meio de um diretor que havia uma “reserva específica” da unidade para o ex-presidente.
Segundo o réu, as chaves nunca foram entregues para Lula ou para Marisa Letícia e o apartamento está fechado desde a deflagração da sétima fase da Operação Lava Jato, que prendeu Léo Pinheiro no fim de 2014. A unidade permanece sob responsabilidade da OAS.
O ex-diretor regional diz que nada na reforma foi feito de “forma oculta” e que há notas fiscais de todos os gastos.
Léo Pinheiro já afirmou que o apartamento era do ex-presidente Lula e que usou dinheiro que seria desembolsado como propina para custear a reforma da unidade. (Folhapress)