Um dos ex-membros do Exército usando disfarce de policiais civis para assaltar um ônibus de turismo que vinha do Paraguai, Simão Pedro Costa Rocha Freitas, preso na semana passada, era secretário parlamentar do ex-deputado federal Major Vitor Hugo. Também conhecido como Cabo Simão, ele foi preso com os comparsas, flagrados com os produtos do assalto.
O relacionamento anterior dele com o ex-parlamentar e também com o atual pré-candidato a prefeito de Goiânia, Gustavo Gayer (ambos são do PL), está repercutindo nas redes sociais. Circulam vídeos em que o ex-militar aparece cumprimentando Gustavo Gayer, a quem explicita apoio político, e também vídeos dele com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que pede votos para Vitor Hugo e para o Cabo. Simão foi candidato a deputado estadual em dobradinha com o major.
Por outro lado, também constam vídeos do ex-militar preso e trechos em que ele acaba confirmando sua participação após saber que tinha sido delatado. Produtos do roubo foram encontrados na residência dele, no setor Vila Nova.
Simão Pedro é ex-integrante do Exército e foi secretário parlamentar do major Vitor Hugo. No portal da Câmara dos Deputados, consta que ele foi secretário parlamentar do então deputado entre 22 de fevereiro de 2019 e julho de 2020. Recebia em média R$ 3.754,75 fora auxílios ou vantagens indenizatórias quando eram previstas.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa do Cabo Simão. O celular do major Vitor Hugo não atendeu nesta sexta-feira (31) e ele não retornou à mensagem deixada. A assessoria do deputado Gayer também não retornou ao contato feito.
Simão e outros três ex-militares do Exército acabaram presos após assaltarem um ônibus de turismo que vinha do Paraguai e de São Paulo na última sexta (24), nas proximidades de Aparecida de Goiânia. A notícia repercutiu nos meios de comunicação pela audácia dos criminosos. Eles pararam o veículo e fizeram 12 passageiros e três motoristas vítimas, enquanto limpavam as mercadorias dos bagageiros. A Polícia Civil também prendeu um casal que teria ajudado na ação.
O delegado responsável pelo caso, Sérgio Henrique Alves, declarou na ocasião da prisão que os criminosos usavam camisetas da Polícia Civil como disfarce. “Como se fossem viaturas da polícia, eles pediram para o motorista parar. Armados, desceram todos os passageiros e os três motoristas que estavam a bordo. Depois, abriram o porta-malas do ônibus e limparam, levando o que queriam”, detalhou o delegado.
Os motoristas denunciaram o assalto e as buscas da Polícia Militar tiveram êxito. Com os envolvidos, a polícia apreendeu: cocaína, uma peça para lacrar pacotes de drogas, carros usados no assalto, camisetas confeccionadas com a logo da Polícia Civil, armas, munições e a mercadoria roubada.
De acordo com o delegado, os presos vão responder por tráfico de drogas, associação pelo tráfico, roubo com arma de fogo e associação criminosa. “A pena pode chegar a 50 anos de prisão”, estima o delegado Sérgio Henrique.