Nove meses após o pedido de entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), os EUA travam o início do processo de análise da solicitação dentro do organismo internacional.
A entidade lançou nesta quarta (28), em Brasília, amplo relatório com diagnósticos e soluções para os problemas da economia brasileira.
A adesão é valorizada pelo Brasil porque aumentaria a confiança internacional no país, ajudando até a reduzir o custo da dívida pública, segundo disse o presidente do BC, Ilan Goldfajn, no lançamento do estudo.
Quando o pedido foi formalizado, em junho, a expectativa era que seria respondido em dois meses e que, então, o processo de análise começaria. Até agora, nenhuma resposta foi dada, já que os americanos votaram contra. O país defende que a entidade, hoje com 35 países membros, se mantenha uma espécie de “clube dos ricos”.
Ou seja, um grupo menor, sem posições divergentes. Segundo a reportagem apurou, integrantes do governo brasileiro vão constantemente aos Estados Unidos para conversar com autoridades e empresas tentando ganhar apoio.
A avaliação, porém, é que a melhor chance é conseguir do presidente Donald Trump um apoio público à ideia, como fez o presidente argentino Mauricio Macri, no ano passado. Além do país vizinho, outras quatro nações pleiteiam a entrada: Peru, Bulgária, Croácia e Romênia.
DEFENSOR
Em razão dessas reservas por parte dos EUA, o processo de adesão, se aceito, pode levar cerca de três anos -a expectativa inicial do governo brasileiro era de dois anos.
O Brasil tem um defensor no secretário-geral da entidade, o mexicano Ángel Gurría.
Em entrevista nesta quarta, tanto Gurría quando o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, relativizaram a demora no processo brasileiro.
“O Ángel tem sido um parceiro importante, um defensor incansável para esclarecer dúvidas e eliminar resistências”, disse Meirelles.
Gurría lembrou que, devido ao tamanho do Brasil, a expectativa é que o tempo de análise seja maior. “O comitê de pesca da OCDE, por exemplo, deseja falar com o Peru e com o Chile, mas com o Brasil todos [os comitês da OCDE] desejam falar.”
Para o secretário de Assuntos Internacionais, Marcello Estevão, uma vez iniciado o processo formal, será rápido. “Fizemos o dever de casa”, disse, referindo-se à ampla participação que o país já tem nas discussões da entidade.