O Departamento de Justiça dos EUA apresentou denúncia, nesta sexta-feira (13), contra agentes de inteligência russos acusados de promoverem um ataque hacker aos computadores do Partido Democrata e da campanha de Hillary Clinton na eleição presidencial de 2016.
É o mais novo desdobramento da investigação do FBI sobre a interferência da Rússia na disputa que elegeu Donald Trump -e que promete criar uma saia justa a mais no encontro entre o americano e o presidente russo, Vladimir Putin, na segunda-feira (16).
Segundo a denúncia, os 12 russos trabalhavam para o GRU, o departamento central de inteligência do Kremlin. O objetivo era interferir nas eleições americanas.
Eles chegaram, sem sucesso, a tentar invadir os sistemas dos órgãos eleitorais que comandam a votação nos estados. Em um deles, os russos conseguiram roubar nomes, endereços, data de nascimento e número de documento de 500 mil eleitores.
“A internet permite a adversários estrangeiros atacarem a América de novas e inesperadas formas”, afirmou o vice-procurador-geral dos EUA, Rod Rosenstein.
O Departamento de Justiça, porém, destaca que não há notícia de que os crimes tenham alterado o resultado das eleições, tampouco de que algum cidadão americano tenha se envolvido ou soubesse da conspiração.
Trump, que está em viagem à Europa e é apontado como o principal beneficiário da atuação russa nas eleições de 2016, não havia se manifestado sobre a denúncia até a conclusão desta edição. Ele é crítico da investigação do FBI, que chama de uma “caça às bruxas”, e nega conluio com os russos.
Mas o republicano que vai interpelar Putin sobre a interferência do país no processo eleitoral dos EUA. “Eu vou perguntar de maneira firme sobre isso”, disse, nesta sexta.
De acordo com a denúncia, a infiltração dos russos nos computadores e nas contas democratas teria atingido membros da campanha de Hillary Clinton, incluindo seu coordenador, assim como computadores do diretório nacional dos democratas.
O material colhido foi divulgado em um site chamado DCleaks.com, que se dizia mantido por “hacktivistas americanos”.
Os agentes criaram perfis falsos em redes sociais para propagar o material e entraram em contato com repórteres americanos, enviando documentos -inclusive a uma pessoa que tinha contato com a campanha de Trump.
Uma das estratégias era “promover o confronto” entre Hillary e Bernie Sanders, que disputou a candidatura dos democratas, a fim de “aumentar as chances de Trump”, segundo emails colhidos pela investigação.
A denúncia acusa os russos de 11 crimes, entre eles, crime contra os EUA por meio de operações cibernéticas, roubo de identidade e lavagem de dinheiro.
Em nota, o partido democrata informou que esse foi “um ataque contra eleitores americanos”.
“Isso não é uma caça às bruxas”, declarou Tom Perez, presidente do Comitê Nacional Democrata. “Os esforços do Kremlin para perturbar o processo eleitoral têm graves implicações na democracia.” (Folhapress)