A Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, autorizou nesta sexta-feira (1) o uso do medicamento antiviral remdesivir para pacientes infectados pelo novo coronavírus. A droga ainda é experimental, mas foi liberada em caráter emergencial. Esta é a primeira droga autorizada para tratamento contra o Sars-CoV-2.
O remdesivir é um dos remédios mais promissores na luta contra a Covid-19. O presidente Donald Trump realizou o anúncio em um pronunciamento no Salão Oval ao lado de Daniel O’Day, executivo-chefe da farmacêutica norte-americana Gilead, fabricante do remdesivir.
Segundo o governo, a empresa garantiu uma doação de um milhão de doses do remédio. Trump disse ainda que as autoridades estão trabalhando para garantir que o medicamento esteja à disposição de todos os pacientes o mais breve possível.
A autorização emergencial não caracteriza uma aprovação formal do medicamento. Contudo, a declaração de emergência em saúde pública nos EUA permite autorizar determinadas drogas para combater a doença, caso não haja alternativas, mesmo se não existirem dados completos sobre sua eficácia e segurança.
No teste clínico federal, os resultados foram positivos. Foram feitos experimentos com 1.063 pacientes graves, alguns dos quais receberam remdesivir enquanto outros receberam placebo. Os tratados com remdesivir demoraram em média 11 dias para se curar enquanto os tratados com placebo demoraram em média 15 dias.
O teste não mostrou uma redução significativa, entretanto, na taxa de mortalidade dos pacientes. “Ficou demonstrado que é um medicamento que pode bloquear o vírus”, disse na quarta-feira (29) o epidemiologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infeciosas. “Esse será o padrão de tratamento”.
O remdesivir foi originalmente desenvolvido para tratamento do ebola, mas não foi bem sucedida. Para a Covid-19, aparece, porém, como um dos mais promissores. O medicamento detecta o genoma viral e bloqueia a proteína ARN polimerase (RdRp), que multiplica as cópias do vírus. Sem essa proteína, o coronavírus causador da doença vovid-19 não pode se replicar e a infecção fica bloqueada.
Anvisa acompanha
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta sexta-feira que vai se reunir nos próximos dias com a fabricante do remdesivir para avaliar o interesse e a viabilidade do fornecimento do remédio no país. A Gilead ainda não pediu para registrá-lo no Brasil. Se isso acontecer, deve haver um processo regulatório mais rápido.
“A Anvisa está em contato com a Gilead, empresa que fabrica o remdesivir no exterior, a fim de acompanhar a evolução dos estudos do medicamento para o tratamento da Covid-19. Nesta sexta-feira (01/5), a Food and Drug Administration (FDA) autorizou o uso do medicamento nos Estados Unidos para tratamento da doença em pacientes hospitalizados em estado grave. Nos próximos dias, a Anvisa fará reunião com a fabricante para verificar o interesse e a viabilidade do fornecimento do medicamento no Brasil”, disse a Anvisa, em nota.
“A Gilead tem vários ensaios clínicos em andamento para o remdesivir, com dados iniciais esperados nas próximas semanas. Caso o benefício do medicamento se comprove, a Anvisa possui mecanismos, como anuência de uso em programa assistencial e priorização de registro, para garantir o acesso célere do medicamento à população”, acrescentou a Anvisa.